A posição do PAICV foi hoje manifestada pelo seu presidente interino durante a sua declaração política.
Rui Semedo começou por mencionar as últimas eleições presidenciais nas quais, no seu entender, a democracia nacional demonstrou maior pujança porque foram apresentadas mais alternativas aos eleitores, com mais propostas e com mais ideias.
Nesta linha, o PAICV reconheceu o nível de maturidade dos eleitores cabo-verdianos “pelo civismo, pela disciplina, pela participação ordeira, pela escolha responsável”, mas também “pela forma entusiástica, alegre e festiva como encaram a participação nos processos eleitorais”.
O facto da democracia de Cabo Verde estar classificada entre as mais bem conseguidas a nível global é, para aquele partido, motivo de satisfação, contudo coloca desafios acrescidos no sentido de dar ainda mais qualidade.
“Como não há bela sem senão, apesar dos avanços há coisas que tem que ser melhoradas. À semelhança das eleições legislativas, as campanhas, nalguns aspectos, começaram fora do tempo, por exemplo, com a colocação de materiais de campanha sem se cumprir todos os preceitos legais, inclusive, também com deliberação da CNE mandando suprir as falhas e ilegalidades, com a retirada de alguns materiais de propaganda”, delatou.
Rui Semedo acusou o governo de participação indevida, interferindo directamente nos actos de campanha a favor de um dos candidatos, “às custas do erário público”.
“Desta vez, até os observadores eleitorais, que teceram rasgados elogios à nossa democracia, o que nos deixa vaidosos e satisfeitos, também notaram e notificaram práticas que consideraram utilização dos meios públicos em benefício de uma candidatura”, afirmou.
A par disso tudo, o presidente interino do PAICV delatou a “circulação anormal de dinheiro” nas vésperas e no dia das eleições, que funciona para pagar para votar ou ainda para reter os documentos e impedir as pessoas de votarem.
Tais práticas, proferiu, foram notificadas até por personalidades independentes, que não faziam sequer ideia, de que tal era possível no “imaculado” processo eleitoral nacional.
“A nossa democracia avançou muito, é certo, é mais robusta, também é verdade, é uma referência no mundo democrático, não restam dúvidas, mas padece de falhas como as de que falamos que, se não forem colmatadas podem pôr em causa eleições livres justas e transparentes”, considerou.