“No início da legislatura, nós, os cinco, traçámos uma estratégia em que cada um de nós faria um mandato de quatro anos na Assembleia Nacional, por forma a permitir uma rotação dos nossos deputados para atingir maior nível de experiência e levar ideias novas”, revelou o novo timoneiro do partido dos democratas-cristãos.
João Santos Luís, deputado suplente nas listas da UCID, fez estas considerações em entrevista ao programa “Café Central” da Rádio de Cabo Verde (RCV).
O presidente da UCID não adiantou quais dos quatro deputados democratas-cristãos irão deixar o parlamento para ceder lugar ao líder, uma vez que é na Assembleia Nacional que ele poderá confrontar-se com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, nos debates mensais ou então com os ministros.
Ainda não sabe qual dos deputados vai deixar o Parlamento, mas deixou transparecer que é mais uma questão de reagendamento do que havia sido acordado entre os quatros eleitos da UCID.
Instado sobre a Dora Oriana Pires que deixou o cargo de vice-presidente do partido, Santos Luís informou que esta “não perdeu nenhuma relevância”, uma vez que vai assumir “cargos importantes” no seio da UCID, como o de presidente da Mesa do Congresso e, consequentemente presidente do Conselho Nacional (CN).
“Irá ter no partido responsabilidades acrescidas de comandar uma equipa de 33 elementos”, destacou, lembrando que o CN é um órgão de “extrema importância” para o partido e Dora Oriana, acrescentou, “vai dar a sua contribuição para o crescimento” da UCID de “forma natural”.
Uma das metas já traçadas para o seu mandato é trabalhar, juntamente com os seres eleitos, fazer o partido “crescer mais para poder servir melhor Cabo Verde”.
“Os resultados que podemos vir a ter nas eleições autárquicas de 2024 e nas legislativas de 2026 vão depender de cada militante e de cada dirigente do partido”, assegurou, indicando que não vai depender apenas do líder.
João Santos Luís não admite que a UCID seja um partido regionalista, pelo facto de a sua base de apoio se circunscrever a São Vicente, círculo eleitoral onde elegeu os quatro deputados.
“Existem pessoas identificadas que têm interesse em dizer que a UCID é um partido regionalista. Isto é falso. Para já a Constituição da República não permite partidos regionalistas. Todos os partidos registados no Tribunal Constitucional têm intervenção nacional”, apontou João Santos Luís, reconhecendo, contudo, que, por razões financeiras, têm experimentado alguma dificuldade em concorrer em todos os círculos eleitorais.
Na sua primeira grande entrevista a um órgão de comunicação social, o novel líder não poupou críticas ao funcionamento do sistema judicial.
“Como se sabe, a justiça está a funcionar muito mal. Os responsáveis do sector, infelizmente, continuam a não ver esta situação. Isto cria um grande precedente para o futuro dos cidadãos cabo-verdianos e de Cabo Verde”, frisou, lembrando que, neste momento, o deputado Amadeu Oliveira, eleito nas listas da UCID, está preso há oito meses, de “forma injusta”.
“O deputado Amadeu não devia estar preso antes do despacho de pronúncia. Infelizmente, é assim que as coisas estão a funcionar no País, de forma muito errada”, reconheceu Santos Luís.
João Santos Luís foi eleito na noite de sábado, no Mindelo, presidente da UCID, enquanto o ex-líder António Monteiro passou a ser conselheiro nacional do partido.
O novo líder foi eleito por 135 votos dos 148 delegados que se fizeram presentes no segundo dia do XVIII congresso da UCID que decorreu até este domingo na Academia Jotamont, sob o lema “Crescer mais, servir melhor”.