Em conferência de imprensa proferida na sede do partido em São Vicente, o presidente da UCID, João Santos Luís, lembrou que esteve reunido com o Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, no dia 27 de Abril, mas que o assunto não foi abordado pelo chefe do Governo.
“Uma semana depois [do encontro], deparamos com a notícia sobre a privatização da ASA, um dos assuntos que consideramos de extrema importância para o país, para a economia, para os trabalhadores e para os contribuintes em geral. Infelizmente optou-se pelo silêncio absoluto nesta matéria”, aponta.
“O senhor primeiro-ministro, infelizmente, no nosso primeiro encontro, decidiu pelo secretismo de uma questão tão importante. Claro que é uma falta de lealdade para com o presidente da UCID, mas também para com o país”, entende.
O líder dos democratas cristãos deixa claro que não é contra as privatizações, mas critica o ajuste directo, como no passado aconteceu com a privatização da TACV. Da mesma forma, João Santos Luís entende que o momento para a concessão dos aeroportos e aeródromos não foi oportuno, tendo em conta o momento que o mundo atravessa em termos económicos devido à situação pandémica e agora com as crises alimentar e energética provocadas pela Guerra na Ucrânia.
“O Governo, ao optar de ânimo leve pelo procedimento de selecção por ajuste directo na escolha da concessionária para a privatização da ASA, não teve em conta a melhor oportunidade nem para o país, nem para a economia e nem para os trabalhadores da empresa, não se dando ao cuidado de acautelar-se relativamente a uma gestão com mais rigor e mais transparente do património público cabo-verdiano”, refere.
O partido questiona o facto de o Governo, no decreto-lei de concessão, não caracterizar a possibilidade de construção dos dois aeroportos em estudo, nomeadamente de Santo Antão e da Brava.
“Como o mal já está feito, auguramos agora que os eventuais montantes a serem arrecadados sirvam para financiar a nossa economia. O país tem a urgente necessidade de fortalecer a sua base económica para gerar riquezas e criar postos de trabalho bem remunerados”, diz.
João Santos Luís alerta, por outro lado, que os preços dos produtos e serviços tendem a aumentar depois da concessão, o que contribui para a degradação da qualidade de vida dos cidadãos.
O Governo decidiu atribuir a concessão, por 40 anos, do serviço público aeroportuário de apoio à aviação civil nos quatro aeroportos internacionais e três aeródromos ao grupo Vinci Airports.
O vice-primeiro-ministro, Olavo Correia, já disse que os direitos dos trabalhadores vão ser garantidos, e que Cabo Verde vai receber, até ao primeiro trimestre de 2025, 80 milhões de euros com a adjudicação.