No debate parlamentar de hoje, o líder parlamentar do PAICV, João Baptista Pereira, considerou que nos últimos anos, o governo se esqueceu da importância do investimento no mundo rural e que as prioridades estabelecidas pelo executivo se quedam muito longe dos interesses e expectativas dos homens do campo.
“A promessa de um mercado agrícola com aumento da produção e inovação não passou do papel. Os investimentos no mundo rural diminuíram. Os serviços de extensão rural foram desestruturados. Os apoios e incentivos aos agricultores foram descontinuados ou direcionados convenientemente. Os projectos agrícolas para as barragens foram engavetados. Os Centros Pós Colheita, os Centros de Expurgo e os Centros de Formação e Transformação dos Produtos Agrícolas foram abandonados”, apontou.
Para o PAICV, a gestão dos efeitos da seca foi desastrosa. Como consequência, afirma que a produção agrícola caiu 37% em 2019, que o rendimento agrícola reduziu de forma significativa, tendo o valor acrescentado bruto por trabalhador decrescido em média 3,7 por ano, nos últimos 5 anos.
Entre outras consequências, João Baptista Pereira apontou a diminuição do efectivo pecuário e a destruição de 11 mil empregos no mundo rural.
Já a UCID, defendeu que a guerra na Ucrânia deveria servir para prestar um pouco mais de atenção e fazer valer a capacidade do homem cabo-verdiano no campo.
“No entanto, vários têm sido aqui os debates e os resultados que temos tido até hoje, infelizmente estão aquém das possibilidades deste país. Não vale a pena estarmos a fazer os debates consecutivos, se na prática, nós pouco ou nada temos feito. Senão vejamos, o que é que temos feito para que os agricultores, os criadores de gado nas zoas rurais possam ter a capacidade, pelo menos financeira, para investirem nas novas tecnologias? Nada”, disse António Monteiro.
A UCID questionou ainda o financiamento da Hungria e pediu atenção não apenas à agricultura e pecuária, mas também à questão social, ambiental e demográfica.
Por sua vez, o líder parlamentar do MpD, Paulo Veiga, advogou que o governo está a trabalhar na construção de uma visão alargada dos espaços rurais, numa abordagem territorializada que estimula a diversificação económica e a participação colectiva, bem como no fortalecimento da agricultura e através da elevação da produtividade.
O governo, segundo Paulo Veiga, encara o desenvolvimento rural não como mera modernização agrícola, nem como industrialização ou urbanização do campo, mas sim como a criação de capacidades humanas, políticas, culturais e técnicas, que permitam às populações rurais agir para transformar e melhorar suas condições de vida.
Paulo Veiga defendeu que apesar das recentes crises, os cabo-verdianos não morrem de fome, nem ficaram sem vacinas ou cuidados de emergência médica e que, portanto, o país venceu.
“Estamos preparados para este debate e temos todos os dados para apresentar aos cabo-verdianos sobre o caminho já percorrido, sobre o caminho a percorrer e, sobretudo, como vamos percorrer o caminho que falta percorrer. É a diferença como diz o Santantonense entre quem fala e quem vai mesmo”, finalizou.