Numa conferência de imprensa proferida na sua sede, em São Vicente, para falar exclusivamente do sector da educação, a deputada da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), Dora Pires alertou para a manutenção das desigualdades no acesso ao ensino.
“Reflectindo a educação no país, podemos dizer que continuamos a ter desigualdades no acesso à educação, com crianças provenientes de famílias com dificuldades sociais e económicas com significativas perdas de aprendizagens, com consequências directas no futuro do indivíduo. Continuamos a ter crianças em situações de vulnerabilidade emocional e psicológica devido à situação familiar e muitas na rua sem estar a frequentar a escola”, aponta.
O combate ao abandono escolar é outro aspecto que merece atenção do partido. Para Dora Pires, a situação se resolve com o combate à pobreza extrema, à baixa renda, à falta de acompanhamento dos pais, assimetrias regionais, o trabalho informal e a violência nas escolas.
A UCID refere que o ano lectivo está a terminar com "muita insatisfação" da classe docente, dos pais e encarregados de educação, pelo que aponta uma série de aspectos que, na sua perspectiva, precisam ser melhorados e ter em atenção para o ano lectivo 2023/2024.
“Revisão dos agrupamentos, analisar se devem continuar ou não, que o pré-escolar seja assumido a 100% pelo Governo e que seja gratuita e obrigatório, que haja manuais para todas as disciplinas dos anos de escolaridade à venda no início do ano lectivo, em Setembro, em todas as livrarias do país ou nas escolas, revisão do sistema de avaliação, que haja programas do ensino técnico elaborados, que o Ministério da Educação escute os professores que estão no dia-a-dia nas salas de aula. Em relação ao ensino superior, que seja revista a atribuição de bolsas e bolsas retornáveis, ter maior controlo das formações universitárias”, elenca.
O aumento do orçamento para a educação, uma melhor articulação desde o pré-escolar até ao ensino superior, maior aposta na educação inclusiva, valorização do trabalho dos professores através de “condições dignas de trabalho, formação contínua, remuneração justa e redução das pendências" são outras questões que os democratas cristãos querem que o Ministério da Educação tenha em atenção.