A deputada da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição) fez advertência durante a declaração política do seu partido, no parlamento, na segunda sessão deste mês, que com no debate sobre o sector da Justiça o ponto alto da agenda parlamentar.
A parlamentar lembrou que São Vicente, embora sendo a quarta menor ilha de Cabo Verde, é a segunda ilha mais populosa, acolhendo a segunda maior cidade do País, Mindelo, com cerca de 75.845 habitantes, 15.4 % da população do País, 17 % dos agregados e dos fatores familiares, onde 93.3 % vivem no meio urbano.
Manifestou sua preocupação relativamente à precariedade laboral e à situação do desemprego que afecta a ilha, referindo que a taxa de desemprego é de 9.3 % e atinge 22.8 % dos jovens com idades entre os 15 e os 24 anos, e que, não obstante os discursos, ainda se celebram contratos precários em diversas instituições do Estado, bem como na Câmara Municipal de São Vicente.
“Preocupa-nos a situação dos bombeiros e apelamos à regularização da sua situação salarial. E apelamos ainda a que a câmara municipal e a Protecção Civil criem condições para o melhor funcionamento desta corporação tão importante para a nossa ilha”, indicou, revelando que 31,7 % da população não tem acesso à rede pública de abastecimento de água e 12% não tem acesso a casas de banho.
“Entretanto, é do conhecimento de todos que as múltiplas crises terão agravado as condições de vida de muitos destes agregados familiares. Embora habitação condigna seja um direito fundamental, São Vicente tem 171 mil casas de lata, maioritariamente clandestinas, as quais representam 56,7% das casas de lata do país”, declarou.
Alertou que a construção de casas de tambor tem vindo a crescer em todas as zonas periféricas da cidade, sendo mais agravada em zonas como Portelinha e Zona Alta de Fernando Pó, frisando que a situação de precariedade habitacional, constitui um risco agravado de catástrofe na época das chuvas, condiciona a qualidade de vida destes agregados e acrescenta riscos ligados à saúde pública.
Zilda Oliveira afirmou ainda que o complexo habitacional de Portelinha não respondeu às necessidades e expectativas dos moradores desta zona, uma vez que não se adequa à capacidade financeira, uma vez que a maioria dos agregados é constituído por pessoas no desemprego ou que auferem um salário precário.
A deputada apontou a deficiente gestão de território como uma questão que tem preocupado a UCI, acrescentando que a questão da segurança urbana também tem sido alvo de inquietação uma vez que a ilha tem registrado alguma turbulência com destaque para os crimes contra a propriedade dos roubos e furtos, cujo combate tem sido dado pela Polícia Nacional é insuficiente devido ao déficit de efetivos.
No tocante à saúde, A UCID, asseverou, está preocupada com o sector, que tem registado o déficit pessoal, no geral, particularmente, médicos especialistas e de alguns técnicos, tanto no Hospital Baptista de Sousa como nos centros de saúde.
Questionou, por outro lado, para quando o complexo educativo de Vila Monte, prometido no Orçamento do Estado de 2023 e, a nível do desporto, polivalentes e placas desportivas em algumas zonas totalmente abandonados pela Câmara Municipal de São Vicente, intervenção no Parque de Lazareto, protecção da marginal da Baía do Porto Grande.
“Também é preciso cuidar a proteção da encosta do Fortim, nesta marginal, bem como outras zonas de onde ocorreu o desabamento de pedras e rochas, agravado a quando as chuvas. Congratulamos com os esforços que o Governo tem feito, nomeadamente a construção do terminal de Cruzeiro e consideramos igualmente necessário começar-se a pensar e a preparar a cidade para dar resposta aos navios de cruzeiros que virão a portar no terminal”, declarou, realçando que São Vicente é uma ilha com especificidades próprias como as restantes ilhas do país, com elevado potencial de crescimento e desenvolvimento.