MNE explica abstenção na ONU e garante que governo "não confunde povo palestiniano com o Hamas"

PorAndre Amaral,1 nov 2023 12:17

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O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), Rui Figueiredo Soares, afirmou hoje, em conferência de imprensa, que Cabo Verde optou por se abster na votação da proposta apresentada pela Jordânia na Assembleia Geral da ONU sobre o cessar-fogo imediato no conflito entre Israel e o Hamas pelo facto de a emenda apresentada pelo Canadá ter sido rejeitada. Proposta canadiana apelava a uma condenação dos ataques realizados pelo Hamas a 7 de Outubro.

Rui Figueiredo Soares esclareceu que “quanto à resolução em causa, convém esclarecer que a abstenção de Cabo Verde traduz o facto de que o nosso país, juntamente com mais de 44 países não se terem considerado satisfeitos com a versão que foi a votação, por ser demasiado parcial, não fazendo uma única referência, uma única palavra aos ataques perpetrados pelo Hamas no dia 7 de Outubro”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros reforçou a ideia afirmando que “uma importante emenda apresentada pelo Canadá, que mencionava a clara responsabilidade daqueles que atacaram Israel no dia 7 de Outubro, indicando a causa próxima da guerra em curso e da escalada de violência a que se assiste foi recusada pelos autores da proposta inicial e vários outros também que consideraram não dever fazer qualquer referência aos ataques no 7 de Outubro e ao Hamas em especial”.

“Para Cabo Verde trata-se de uma questão de coerência com a posição de condenação inequívoca dos ataques do dia 7 de Outubro. Este posicionamento é também coerente com a posição de princípio de sempre, considerando que todo e qualquer acto terrorista deve ser condenado. Foi este o contexto e a razão da decisão de apoiar inequivocamente a emenda apresentada pelo Canadá que, infelizmente, não foi aprovada”.

O ministro lembrou igualmente que este processo de votação “foi fracturante para várias regiões e blocos de países, mesmo para aqueles que dispõem de instrumentos definidores de política externa comum, como a União Europeia. Isto devia convidar os actores políticos cabo-verdianos a dar prova de moderação acrescida, análise mais serena, ao invés de utilizar este voto como arma de arremesso. O interesse nacional obriga a isso”.

“Consideramos que neste contexto de ânimos acirrados, o equilíbrio e a moderação aconselham-nos a sermos ponderados na tomada de posição”, disse ainda Rui Figueiredo Soares.

Rui Figueiredo Soares garantiu que o governo não confunde “de forma alguma o povo palestiniano com o Hamas, mas também não podemos aceitar leituras enviesadas, parciais do conflito, propostas por uma das partes. Aliás, basta ver, a este propósito, as reacções extremas havidas na sequência da votação. Aplausos generalizados dos autores e condenação inequívoca de Israel, que condenou e acusou a comunidade internacional de apoiar o terrorismo”.

Sobre os comentários feitos pelo Presidente da República, o ministro dos Negócios Estrangeiros frisou que “o governo não comenta as afirmações que o senhor Presidente da República faz. Nós informamos o senhor Presidente da República das razões de fundo que levaram Cabo Verde a abster-se e foi, como sempre, uma conversa franca, aberta, de muito diálogo, explicitando as posições do governo nesta matéria”. 

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Autoria:Andre Amaral,1 nov 2023 12:17

Editado porJorge Montezinho  em  4 mai 2024 23:28

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