Declarações feitas em conferência de imprensa proferida pelo presidente dos democratas-cristãos, João Santos Luís, na sequência do cancelamento dos voos de segunda-feira.
“Sem dúvidas que o governo de Ulisses Correio Silva já não tem condições de encontrar soluções para a problemática dos transportes interinos no país. De várias análises feitas, constata-se sistematicamente o descaso e incapacidade deste governo na resolução dos problemas cruciais do país, nomeadamente a conectividade, contribuindo de forma negativa para a degradação do mercado interno e travando a circulação das pessoas de uma ilha para outra. Num país sério, este governo há muito tempo não estava a existir”, entende.
A UCID afirma que os passageiros continuam a ser desrespeitados e ignorados, com regularidade. João Santos Luís defende que o executivo deve utilizar a inteligência e os recursos disponíveis para resolver de vez a problemática da conectividade.
“Ou então, que seja claro com os cabo-verdianos e abrir o jogo que, afinal, não consegue resolver o caos dos transportes que ele mesmo terá contribuído para perpetuar em Cabo Verde. Portanto, os recursos existem, não existe a prioridade e a capacidade de resolver este problema”, afirma.
O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, anunciou que até final do ano seria criada uma companhia 100% estatal só dedicada aos voos domésticos, com mais aviões, adaptados a cada ilha.
O presidente da UCID entende que é apenas mais uma manobra.
“O Governo diz que está a criar uma empresa, uma nova empresa para transporte doméstico, sem necessidade. Isto é uma manobra do Governo, porque já existe uma empresa que é o TICV. O Governo precisa aproveitar desta empresa, que já tem recursos humanos, que já está criada, e investir em aparelhos adequados que resolvam o problema de vez dos transportes interilhas. Mas isto o Governo não faz. Não faz no propósito”, diz.
As ligações aéreas domésticas sofrem de problemas crónicos.
A Bestfly foi a última concessionária a abandonar os voos interilhas em Abril, depois de enfrentar problemas devido à falta de aviões.
A TACV, que até então operava apenas voos internacionais, entrou de emergência no mercado interno, mas mantêm-se várias queixas sobre falhas na operação. Em finais de Junho, o presidente da Câmara de Comércio do Sotavento, Marcos Rodrigues, defendeu, em declarações à Lusa, que o Estado abandone os voos internacionais e que aplique o dinheiro público para solucionar as ligações inter-ilhas.