José Maria Neves reconheceu, hoje, 23, a existência de falhas no processo de pagamento de salários à Primeira Dama.
“Houve falhas do lado da Presidência da República? Seguramente que sim. Com toda a humildade as reconheço perante a nação cabo-verdiana. Não deveria ter sido assim. Não voltará a ser assim. É fundamental que o vínculo de confiança entre a nação e a sua mais alta instância permaneça sem quaisquer motivos para sobressaltos”, apontou numa declaração à comunicação social, sem direito a perguntas por parte dos jornalistas.
José Maria Neves defendeu igualmente que está a haver “aproveitamento político” do comunicado emitido pelo Conselho de Administração da Presidência da República tendo em vista a “desinformação” da população e “passar a ideia de que a Presidência da República estaria mergulhada em escândalos financeiros ou de má-gestão”.
“Nas acções da Presidência da República não houve, em momento algum, e nem poderia ter havido, nenhum laivo de má fé, desejo de ludibriar, muito menos o propósito de produzir benefícios injustificados para si ou para terceiros” assegurou José Maria Neves acrescentando de imediato que “no que se refere à definição das compensações à Primeira-Dama, tudo foi feito com transparência, e no convencimento de que, no âmbito da lealdade e cooperação institucionais, o necessário e completo quadro legal seria produzido com celeridade”.
Dinheiro devolvido
Quanto ao salário da Primeira Dama, que a inspecção Geral de Finanças disse ter sido pago indevidamente, José Maria Neves assegurou que a devolução já foi feita aos cofres do Estado.
"Outrossim, quero informar que, conforme tinha anunciado na minha Comunicação de Dezembro de 2023, e antes mesmo do pronunciamento dos tribunais, já foi feita a devolução, na íntegra, aos Cofres do Estado, do montante recebido a título de remunerações à Senhora Primeira Dama".
Diabolização e assassinato de carácter
Na sua declaração, o Presidente da República apontou igualmente que na “nossa sociedade pequena e de interconhecimento, por via de regra julgamos e condenamos com rapidez, sem dominar todos os dados e, no caso concreto, sob o efeito de uma intensa campanha de politização, de procura de ganhos para agendas não declaradas e, pior ainda, de diabolização de pessoas e tentativas de assassinato de carácter”.
Dizendo perceber as “motivações dos pronunciamentos no quadro da luta política e do livre exercício da cidadania e da liberdade de expressão”, José Maria Neves lembrou que “é sempre bom recordar os limites impostos pelo respeito devido ao bom nome e à dignidade das pessoas, de todas as pessoas, de cada pessoa”.
De recordar que, em Dezembro do ano passado, foi divulgado que a Presidência da República estava a pagar o salário da Primeira Dama.
Na altura, questionada sobre o tema, a Presidência explicou, através de um comunicado de imprensa, que a “Cidadã e Profissional Débora Katiza Carvalho é, desde a investidura do Presidente da República José Maria Neves, a Primeira Dama de Cabo Verde, dedicando-se exclusivamente a esta condição”.
Na sequência das notícias vindas a público, José Maria Neves anunciou que pedira o pronunciamento do Tribunal de Contas e da Inspecção Geral de Finanças cujo relatório foi conhecido no passado dia 13 de Agosto.