A Comissão Política do MpD reuniu, na passada sexta-feira, para analisar os resultados nas eleições autárquicas. Após a reunião, Fernando Elísio Freire, vice-presidente do partido, reconheceu as dificuldades enfrentadas e os desafios que surgem a partir desse cenário.
Depois de reconhecer que os resultados nas eleições não foram positivos, Elísio Freire anunciou uma reunião da Direcção Nacional do MpD para o dia 11 de Janeiro de 2025, com o objectivo principal de “definir orientações estratégicas para reposicionar o partido e reforçar sua acção política”.
Fernando Elísio Freire sublinhou que a prioridade será alinhar o MpD com as “vontades dos cabo-verdianos”, a fim de garantir que o partido continue a ser o maior do país.
“Queremos ir ao encontro das vontades dos cabo-verdianos e, com humildade e inteligência, percorrer o caminho necessário para continuar a ser o maior partido de Cabo Verde”, afirmou.
O dirigente do MpD destacou ainda a importância de o partido se focar no desenvolvimento da democracia e na melhoria das condições de vida dos cidadãos: “Sabemos bem a importância que o MpD tem no sistema democrático cabo-verdiano, sabemos bem a força do MpD na sociedade cabo-verdiana e queremos utilizar isso para a estabilidade, o desenvolvimento da democracia e a criação de melhores condições de vida para os cabo-verdianos.”
Quanto às críticas dirigidas a Ulisses Correia e Silva, presidente do partido, Elísio Freire destacou que nas “democracias, há vitórias, e há derrotas. O MpD e esta direcção política, principalmente o presidente Ulisses Correia e Silva, ganhou várias eleições. Esta é uma eleição autárquica. O MpD teve uma derrota. Nós interpretamos aquilo que significa esta derrota. Mas estamos em condições de alinhar as vontades, de alinhar o caminho, de redefinir estratégias e voltar a ganhar eleições”.
“O MpD é neste momento governo e continuará a ser governo até ao final do mandato. E lutará para ganhar as eleições legislativas”, reforçou Elísio Freire que acrescentou que Ulisses Correia e Silva “é um activo do partido e está ao dispor do MpD para nos levar à vitória em 2026”.
‘Mistério’ no PAICV
Já do lado do PAICV, o presidente em exercício, Rui Semedo, mostrou-se reservado quanto a uma possível candidatura à renovação do mandato à frente do partido.
Em declarações à Inforpress, Rui Semedo avançou que a única garantia que há até ao momento é que o PAICV vai ter um Congresso electivo em Abril do próximo ano altura em que termina o mandato global das estruturas e dos órgãos eleitos na ocasião.
“Até o final de Abril, teremos que fazer, obrigatoriamente, este Congresso. A Comissão Política vai ter que pedir a convocação do Conselho Nacional, que, por sua vez, terá que convocar o Congresso e as eleições directas internas. Portanto, vamos ter que seguir esses passos com os órgãos”, explicou.
Questionado sobre se vai ou não candidatar-se a mais um mandato como presidente do PAICV, Rui Semedo optou por não dar uma resposta clara.
“Esta pergunta é interessante… Está a ser feita desde o primeiro dia em que fui eleito para presidente do partido. O que posso dizer é que me enquadro numa solução que tenha um amplo apoio do partido, das pessoas, militantes, mas uma solução também construída e que garanta as respostas para os desafios que temos pela frente” e acrescentou que “na reunião do Conselho Nacional farei uma comunicação ao país, a respeito da minha disponibilidade ou não. Sempre estive disponível para o partido, a minha disponibilidade não depende das vitórias ou das derrotas”.
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Tribunal Constitucional decide recursos apresentados pelos partidos
PAICV tinha pedido a anulação da votação numa das mesas de voto para as eleições autárquicas no Tarrafal de São Nicolau alegando, entre outras razões, que a escrutinadora de uma das mesas era candidata nas listas do MpD. Em São Lourenço dos Órgãos, onde o PAICV venceu por um voto, o MpD tinha pedido a admissão de um voto que tinha sido considerado nulo.
O Tribunal Constitucional anunciou esta terça-feira que decidiu não dar provimento ao recurso apresentado pelo PAICV que pedia a anulação da votação numa das Assembleias de Voto no Tarrafal de São Nicolau.
Além disso, o mesmo Tribunal confirmou a vitória do PAICV em São Lourenço dos Órgãos pela diferença de um voto.
Desta forma fica inalterado o mapa político saído das eleições autárquicas do passado dia 1 de Dezembro.
De recordar que o PAICV passou a ser o maior partido autárquico do país ao conquistar 15 Câmaras Municipais enquanto o MpD conquistou as restantes 7.
*com Edisângela Tavares
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1202 de 11 de Dezembro de 2024.