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Durante o programa, o PAICV criticou a “falta de pensamento e execução estratégica”, enquanto o MpD sublinhou os progressos alcançados nos últimos anos, sobretudo no turismo de natureza, rural e ecoturismo.
Nelson Faria, do PAICV, considera que o sector ainda está demasiado centralizado e segue um modelo que não favorece o desenvolvimento local.
“Falo isso tendo em conta que 95% dos turistas ainda estão centrados no Sal e na Boa Vista, apenas para o turismo de sol e praia, com pacotes all inclusive, cuja repercussão a nível da economia local é residual. Temos uma situação de transporte caótica, que leva a não possibilidade de descentralização desse turismo, temos uma baixa conexão inter-ilhas. Também temos desafios municipais. Digo isto porque quando as localidades têm de receber turistas, as suas infra-estruturas, saneamento, esgotos, o próprio planeamento municipal tem de ser algo que possa receber e acolher turistas”, entende.
O representante do maior partido da oposição entende que o turismo de sol e praia é maioritariamente procurado porque é do interesse dos próprios operadores. Nelson Faria quer um turismo que sirva às pessoas.
“E temos oportunidades não exploradas á volta do turismo náutico, do ecoturismo, turismo cultural. Portanto, agora sim já temos os turistas que já conhecem o país e deveria haver sim um planeamento e uma acção estratégica consentânea com a necessidade de ter esses turistas de forma que contribuíssem ainda mais para a nossa economia. Nós queremos um turismo que sirva às pessoas”, afirma.
O MpD refere que, apesar do impacto na economia e na vida das pessoas, o turismo está centrado nos grandes hotéis, nas ilhas do Sal e da Boa Vista. Vander Gomes não tem dúvidas de que o caminho passa pela diversificação.
“Temos o desafio da diversificação da oferta turística que o país precisa lançar mãos para que possamos dar um salto e ficar um pouco menos dependente do turismo de sol, praia e mar e também das grandes cadeias hoteleiras. Há dois nichos que o país está a apostar. O turismo de cruzeiros onde temos crescido bastante e agora com o novo Terminal de Cruzeiros acredito que vamos dar um salto qualitativo e quantitativo. Mas também há a pesca desportiva, cresce a cada dia o número de turistas que procuram Santo Antão e o interior de Santiago para o turismo de montanha e rural. Turistas que procuram São Vicente por causa da dinâmica cultural”, aponta.
Apesar de reconhecer o desafio de o país ter um transporte interilhas melhor, o representante do MpD não acredita que isso seja um entrave ao desenvolvimento turístico em todas as ilhas.
“Estamos melhor do que no passado, certamente. Estamos no ponto que queremos? Não. Mas, dos pontos que normalmente se apontam a nível internacional para o não aumento de turistas nas outras ilhas que não seja Boa Vista e Sal, não está o problema dos transportes. Por exemplo, os turistas quando vêm para São Vicente e querem ir para Santo Antão, compram os seus bilhetes e vão. A maior parte dos navios estão cheios”, diz.
Vander Gomes diz que há incentivos às empresas locais a se envolverem na cadeia de valores do turismo, mas que precisam ser melhor divulgados.
A UCID faltou ao debate.
