Posições assumidas esta segunda-feira à noite, no programa Plenário da Rádio Morabeza, dedicado ao tema: “Que políticas energéticas para Cabo Verde?” Em representação do partido no poder, Flávio Lima, nega qualquer retrocesso no sector energético.
“Não podemos falar de falhas políticas ou dizer que é um falhanço da governação nesse sector. O que temos neste momento são avarias. Agora, que há três ou quatro grupos com avarias, isso é estranho. Eu não acho que não exista uma orientação política no sector da energia. Existe, sim. Por exemplo, a meta de Cabo Verde atingir 30% de energia renovável até 2030 já foi alcançada. Essa meta deve ser revista. Outro exemplo é a substituição de todo o parque eólico na ilha de Santiago, que vai duplicar a produção eólica. Aqui em São Vicente, podemos ir até à Baía das Gatas e ver toda a instalação dos painéis solares que está a ser feita para abastecimento de energia eléctrica nas zonas da Baía, Salamansa, etc.”
O PAICV tem uma leitura diferente. Nelson Faria aponta responsabilidades políticas e problemas de gestão, sobretudo ao nível da manutenção da própria empresa de produção de electricidade.
“As avarias desta dimensão não são mera obra do acaso, são obra do descuido, do descuido político e do descuido de gestão. Quando uma avaria atinge tal dimensão que um ministro e o gestor da empresa dizem que não sabem quando se irá resolver, já não é uma mera avaria, é um retrocesso. E é um retrocesso com graves consequências para a realidade de vida das famílias, o seu quotidiano normal e também para a economia, naturalmente. E permite-me pontuar aqui uma questão também relevante, a nível das renováveis. Nós consideramos que é a via, sem sombra de dúvidas. Agora, temos de ter engenho e talento para que seja prática a um custo aceitável para os consumidores”, diz.
António Monteiro, da UCID, afirma que o problema dos apagões em Santiago não é de agora e resulta de uma má política em vários níveis. O dirigente partidário considera ainda que a separação da Electra em diferentes empresas teve um impacto negativo na qualidade do serviço.
“Portanto, aqui a culpa é do governo, neste caso concreto, e em particular do MPD, que deveria ter tido primeiro cuidado com os tipos de geradores que são comprados, o tipo de serviço de manutenção que deve ser proposto e as escolhas dos dirigentes destas mesmas empresas. As avarias acontecem esporadicamente, mas quando não se faz manutenção, quando se deixa a manutenção nas mãos de outras empresas que não são nacionais, empresas de fora que vêm cá fazer manutenção, e se desmantela o serviço de manutenção interna que a própria empresa tinha, não se pode esperar outro resultado”, entende.
Os cortes frequentes de electricidade na ilha de Santiago têm tido efeitos directos na economia, no comércio local, nas empresas e no quotidiano das famílias. O Governo já anunciou uma investigação técnica às avarias. A conclusão deverá ocorrer em Outubro.