Dos trinta países em desenvolvimento que mais crescerão em 2019, metade (15) são africanos. Destes, sete fazem parte da CEDEAO: Gana (6º da lista, com um crescimento anual do PIB de 7,6), Costa do Marfim (9º, 7,0), Senegal (14º, 6,7), Benim (20º, 6,3), Burkina Faso (25º, 6,0), Guiné (26º, 5,9) e Serra Leoa (28º, 5,5).
Continuando a análise do ranking, quatro países africanos (Líbia, Etiópia, Ruanda e Gana) crescerão mais do que a Índia e 9 (juntando aos quatro de cima a Costa do Marfim, Senegal, Djibouti, Tanzânia e Benim) mais do que a China.
Com o crescimento agora projectado pelo FMI para Cabo Verde, 4,75% em 2019, o país fica fora deste top 30. O último país classificado é o Egipto, com um crescimento de 5,5% do PIB.
Os países emergentes e as economias em desenvolvimento voltarão a ser a locomotiva da economia mundial em 2019, segundo o FMI. Vai ser sobre os seus ombros que vai estar a responsabilidade do crescimento económico global no próximo ano. Num momento em que a economia mundial se aproxima do fim de um ciclo e quando o abrandamento começa a dar sinais cada vez mais evidentes, serão as economias menos avançadas a aguentar melhor estes efeitos, principalmente devido ao abaixamento do preço do petróleo. Em 2018, o valor do brent caiu 20%.
A economia em 2019
A economia mundial deverá crescer 3,7% no próximo ano, segundo as estimativas do FMI, um nível similar ao registado nos últimos anos, mas que terá uma composição desigual. Se em 2017 e 2018 foram as economias avançadas a impulsionar o crescimento global, para este ano é esperado um abrandamento entre estes países, principalmente devido aos Estados Unidos da América e à Zona Euro. Aliás, as dúvidas sobre a evolução global nos próximos trimestres são cada vez maiores.
Com efeito, as consequências da reforma fiscal impulsionada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na economia do país começam a esgotar-se – em 2019, o PIB norte-americano crescerá cerca de 2,5&, quatro décimas abaixo do conseguido este ano. A Reserva Federal, que este ano elevou o preço do dinheiro quatro vezes nos EUA, só prevê fazê-lo duas vezes em 2019. Já o Banco Central Europeu reconheceu a desaceleração da economia europeia. E há dois momentos, no início de 2019, que poderão ser a chave para o que vai acontecer na economia global no próximo ano: o diálogo entre Washington e Pequim para tentar travar a guerra comercial e a consumação do Brexit, elementos fundamentais para “reduzir a prolongada e elevada incerteza que pode fazer descarrilar a esperada aterragem suave da economia mundial”, escreve o BBVA Research, citado pelo El País.
O Parlamento britânico terá que decidir no próximo dia 14 de Janeiro se vota contra ou a favor o acordo de saída da União Europeia alcançado com o resto dos países. Desse voto dependerá em que medida a economia britânica e a da Zona Euro evoluirão. Apesar do FMI ter previsto que o PIB britânico continuará a aumentar nos próximos cinco anos, o Banco de Inglaterra já alertou para uma possível contracção, que poderá chegar aos 8% até 2023.
Dentro da Zona Euro o motor Alemanha manterá o ritmo de crescimento de 1,9%, assim como a França (1,6%). Malta continuará a ser o país da Zona Euro com mais crescimento (4,6%), seguido pelo Chipre (4,2%) e a Eslováquia (4,1%). Em média, a Zona Euro deve crescer 1,9% em 2019.
Entre as grandes economias emergentes, com os BRICS à cabeça, a Índia continuará a sua expansão pelo terceiro ano consecutivo: com o crescimento do PIB a chegar aos 7,4%; enquanto o Brasil, segundo as previsões do FMI, verá a sua economia melhorar num ponto percentual. A economia da África do Sul vai duplicar, enquanto a Rússia deverá crescer, mas de forma lenta.
Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 892 de 2 de Janeiro de 2019.