Os impactos que o COVID-19 vão ter na economia, seja ela nacional seja internacional, são "ainda incertos", defende o Banco de Cabo Verde no Relatório de Política Monetária (RPM) hoje publicado.
O Banco Central defende, no documento que a "par das consequências directas na saúde e no rendimento do trabalho dos afectados", as medidas de contenção da propagação adoptadas a nível mundial, desde que a epidemia teve início na China estendendo-se, depois, à Europa e demais continentes, "deverão resultar, à escala global e nacional, num choque simultâneo da oferta (devido à disrupção de cadeias de produção e canais de distribuição) e da procura (que deverá afectar desproporcionalmente os sectores do turismo e dos transporte, bem como os serviços culturais e de lazer)".
No entanto, o BCV defende que "as medidas sanitárias de contingência, aliadas às medidas orçamentais, monetárias e prudenciais, no entanto, adoptadas pelo país" deverão ajudar a diminuir "o efeito do choque exógeno na economia nacional".
Esse efeito, continua o RPM, seria ainda atenuado "com o controle da propagação do vírus SARS-CoV-2 no decurso do segundo trimestre, com a descoberta de uma terapêutica para a doença nos próximos meses e com alguma restauração da confiança dos agentes económicos no terceiro trimestre".
Ainda assim, a previsão que o Banco de Cabo Verde faz, para a evolução da economia nacional, é negativa referindo que "num quadro de incertezas sobre a evolução do enquadramento externo e do contexto sanitário e macroeconómico interno ímpar, a actividade económica poderá contrair pelo menos quatro por cento".
"Numa conjuntura em que as expectativas de evolução da inflação e das contas externas, no curto prazo, não sugerem um risco iminente e grave para a estabilidade nominal e para o regime cambial do país, as medidas de política monetária implementadas a 1 de Abril, que compreendem a redução das taxas de referência do banco central e do coeficiente das disponibilidades mínimas de caixa para mínimos históricos, assim como a criação de uma facilidade de liquidez aos bancos com maturidade superior a um ano, assumem um carácter excepcionalmente acomodatício", lê-se no documento elaborado pelo Banco de Cabo Verde.
"Ciente do aumento dos riscos à estabilidade macrofinanceira do país no curto e médio prazos, decorrentes da pandemia de Covid-19 e das medidas de atenuação do seu efeito", o Banco de Cabo Verde, enquanto autoridade monetária e supervisora do sistema financeiro nacional, "atenta aos desenvolvimentos internos e internacionais, reforça, nos próximos meses, a sua capacidade de monitorização e mitigação atempada dos mesmos", garante a entidade.