Em números, a taxa directora (TRM) vai subir de 1,75% para 2,25%: a taxa das Facilidades Permanentes de Cedência de Liquidez (FPL) vai passar de 2% para 2,5%; a taxa das Facilidades Permanentes de Absorção de Liquidez (FPA) vai crescer de 1,2% para 1,7%; e a taxa de redesconto subirá de 2,75% para 3,25%.
O coeficiente das Reservas Mínimas de Caixa (DMC) vai manter-se em 10%.
Este aumento, recomendado pelo Comité de Política Monetária reflecte, diz o comunicado, uma avaliação detalhada dos recentes desenvolvimentos macroeconómicos, tanto no contexto interno quanto externo. “A decisão de aumentar as taxas de juro foi tomada após análise da situação económica do país, o qual é dependente das importações, tendo em conta a necessidade de se garantir a estabilidade do regime do peg fixo ao euro, mormente, num contexto de liberalização das operações cambiais e das transações económicas e financeiras com o exterior”, lê-se.
As decisões de política monetária tomadas pelos bancos centrais têm como objectivo influenciar o custo e a disponibilidade de moeda numa economia. A resolução mais importante está normalmente relacionada com as taxas de juro directoras. A alteração destas taxas afecta as taxas de juro que os bancos comerciais cobram aos clientes quando lhes concedem empréstimos, influenciando, assim, o consumo privado e o investimento das empresas. O objectivo da política monetária é manter os preços estáveis.
Segundo um comunicado do Banco Central, publicado no seu site no passado dia 19, o país enfrenta desafios nas contas externas já que a balança financeira registou uma redução nos influxos líquidos de financiamento, reflectindo a queda no investimento directo estrangeiro e o aumento dos activos externos líquidos dos bancos.
Apesar de a balança corrente ter apresentado superavit, explica o BCV, as entradas líquidas de fundos foram insuficientes para cobrir as necessidades de financiamento, resultando na perda de activos de reserva. O stock de reservas internacionais líquidas passou a garantir 5,6 meses de importações de bens e serviços para 2024.
A nova estrutura de taxas entrará em vigor a partir de 02 de janeiro de 2025.
Banco Central Europeu corta taxas
No passado dia 12, o Banco Central Europeu (BCE) desceu a taxa de juro de referência em 25 pontos base (para 3%), o terceiro corte do ano, num contexto de moderação da inflação e de abrandamento da actividade económica.
Há dois anos, o BCE aumentou as taxas de juro porque a inflação era demasiado elevada. A situação, entretanto, melhorou. Embora alguns preços continuem a registar subidas significativas, em especial no sector dos serviços, a inflação, em geral, desceu bastante.
No final da reunião, realizada em Frankfurt, o banco central apresentou também novas previsões para a economia da zona euro que apontam para taxas de inflação mais baixas e variações do produto interno bruto (PIB) mais reduzidas. Os técnicos do BCE estimam agora que a inflação passe de 2,4% em 2024 para 2,1% em 2025, quando em Setembro apontavam para valores de 2,5% este ano e de 2,2% no próximo. A expectativa continua a ser a de que, em 2026, a inflação fique ligeiramente abaixo da meta de 2%.
No que diz respeito ao crescimento económico, o banco central está mais pessimista. Prevê que a economia da zona euro irá crescer 0,7% este ano e 1,1% no próximo, quando em Setembro, apontava para variações do PIB de 0,8% e 1,3% em 2024 e 2025, respectivamente.
Em Fevereiro BCV volta a reunir
Em Novembro, o BCV já tinha decidido um aumento de 25 pontos base, apesar das pressões inflacionistas continuarem a cair. As taxas de inflação média e homóloga, no mês de Setembro, desceram ambas para 1%, quando no mês de Junho situavam-se em, respectivamente, 1,4% e 1,9%. Esta redução continua a reflectir a queda dos preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares no mercado internacional.
Neste último comunicado, o BCV diz que perante as incertezas que envolvem as perspectivas económicas e financeiras nacionais e internacionais, “manterá um acompanhamento atento e contínuo da evolução dos indicadores de referência, com ênfase nas reservas cambiais”.
A próxima reunião do Comité de Política Monetária está agendada para 25 de Fevereiro de 2025.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1205 de 31 de Dezembro de 2024.