Juntos: Potências Aliadas da URSS, EUA, Reino Unido.
Presidente do Conselho dos Comissários de Povo da URSS (Governo)
I. Stalin, Presidente dos EUA F.Roosevelt, Primeiro-ministro do Reino Unido W. Churchill, na conferência de Yalta (Criméia) das Potências Aliadas (4-11 de Fevereiro de 1945).
Na Rússia, este jubileu é comemorado principalmente como a vitória da URSS na Grande Guerra Patriótica de 1941-1945, pela qual foi pago um preço alto – 26 milhões de vidas do povo soviético. A maioria deles foram civis. Não apenas o exército lutou, mas todo o povo – na frente, em destacamentos partidários, sozinhos ou junto com as suas famílias, atrás das linhas inimigas, em cidades e vilas ocupadas, em países terceiros em destacamentos da Resistência. É por isso que à essa guerra, bem como a guerra de 1812 – a invasão de Napoleão Bonaparte na Rússia, atribuiu-se o nome de “patriótica”.
A Wehrmacht sofreu 80% das suas perdas nas batalhas contra a Rússia soviética. O Primeiro-ministro britânico Winston Churchill admitiu: “todas as nossas operações militares têm sido realizadas numa escala muito pequena...
em comparação com os enormes esforços da Rússia”. O escritor inglês Piers Paul Read citou: “Para Hitler, a Inglaterra e o Norte de África eram periféricos. Ele foi derrotado na Rússia”.
Presidente do Conselho dos Comissários de Povo da URSS (Governo)
I. talin, Presidente dos EUA F.Roosevelt, Primeiro-ministro do Reino Unido C. Attlee na Conferência de Potsdam (Julho-Agosto de 1945).
Esta Vitória é o maior evento do século XX – a Europa e o mundo foram salvos da pandemia da “peste castanha” – o nazismo. Esta vitória determinou a ordem mundial atual, baseada no sistema jurídico internacional UNcentric e na inviolabilidade das fronteiras territoriais do pós-guerra; também marcou o início da era da descolonização, conduzindo assim, os povos de todos os continentes para uma nova era de liberdade e independência.
Os povos da Europa escravizados pelos nazistas estavam sujeitos a um destino trágico. Quase imediatamente após o ataque da Alemanha contra a União Soviética em 22 de junho de 1941, a URSS, em 3 de julho, declarou que o objetivo da “guerra patriótica contra o fascismo não é apenas a eliminação do perigo que paira sobre a URSS, mas também ajudar a todos os povos da Europa que sofrem sob o jugo dos fascistas”.
A libertação da Europa era uma missão especial do Exército Vermelho. Cerca de 1,5 milhão de soldados soviéticos deram a vida pela Europa. Inclusive, conforme dados reconhecidos, as perdas do Exército Vermelho na Polónia totalizaram 600.212 pessoas, Checoslováquia – 139.918 pessoas, Hungria – 140.004 pessoas, Alemanha – 101.961 pessoas, Roménia – 68.993 pessoas, Áustria – 26.006 pessoas, Jugoslávia – 7.005 pessoas, Noruega – 3.436 pessoas, Bulgária – 977 pessoas. Estabeleceram-se assim as medalhas especiais “Por Varsóvia” e “Pela cidade de Budapeste”. A população total libertada pela União Soviética sozinha e com o apoio dos aliados atingiu 120 milhões de pessoas. L.Gumiliov, escritor, cientista, etnólogo russo, criador da teoria passional da endogénese, assinalava “o sacrifício em benefício de outros povos” como o principal traço da etnia russa.
Após a guerra, os europeus, como forma de agradecimento, ergueram monumentos em massa honrando os soldados-libertadores soviéticos.
Eis os fatos reais, que testemunham que a contribuição da URSS na vitória sobre o nazismo foi decisiva. É o motivo pelo qual Moscovo tem o direito moral e histórico de realizar o desfile da Vitória na Segunda Guerra Mundial na Praça Vermelha, para comemorar o seu 75º aniversário. Todos os participantes estrangeiros da luta conjunta foram convidados para esta celebração (não obstante, por causa do coronavírus COVID-19, o desfile foi adiado).
E ainda nos dias de hoje, surgem perguntas como por exemplo – se o ódio ainda se mantém, ou se os alemães foram perdoados pela Rússia. Perdoamos sim, mas não esquecemos. O forte testemunho de respeito à memória histórica dos povos da Rússia, sobre os sacrifícios oferecidos no altar da Vitória é o movimento popular “Regimento Imortal” – a marcha anual pelas cidades e vilarejos da Rússia, com uma corrente humana exibindo retratos dos seus parentes e familiares, que morreram naquela guerra.
Nos documentos de arquivos russos há dois detalhes profundamente simbólicos que testemunham o sentimento de desprezo popular pelo fascismo. Numa das fotografias famosas, soldados soviéticos atiram ao pedestal do Mausoléu de V. Lenin, estandartes da derrotada Alemanha fascista, utilizando luvas evitando toca-los com as próprias mãos. Há também um noticiário-documentário mostrando a escolta de 57 mil soldados, oficiais e generais alemães prisioneiros da guerra, pelas ruas centrais de Moscovo, para que os moscovitas observassem. Atrás da coluna seguiram autotanques despejando água nas ruas para lavar permanentemente a marca fascista da história mundial.
O primeiro desfile da Vitória na Praça Vermelha, em Moscovo, em 24 de junho de 1945, terminou com o armazenamento das bandeiras das tropas nazistas derrotadas ao pé do Mausoléu.
Neste contexto, se revelam absurdas tentativas, baseadas em russofobia politizada, de alguns “historiadores” modernos, em promover a teoria de “responsabilidades iguais da URSS e da Alemanha de Hitler pelo desencadeamento da Segunda Guerra Mundial”, a partir da posição de conjuntura política atual “corrigir” a memória histórica dos povos da Europa, e justificar a conivência com neofascistas e neo-nazistas, a profanação e a destruição de monumentos em honra aos soldados-libertadores soviéticos.
O desfecho da guerra determinou a ordem política na Europa e no mundo. O sistema de relações internacionais de Yalta-Potsdam, criado em conjunto pelos aliados – URSS, EUA e Reino Unido, com o papel central das Nações Unidas que foi estabelecida em 1945, tornou possível manter a comunidade mundial afastada de guerras e conflitos em larga escala e resistiu aos golpes da “Guerra Fria”. O pilar de suporte deste sistema é a Carta das Nações Unidas, que até hoje mantém o seu significado sendo a fonte fundamental de direito internacional.
O estabelecimento das Nações Unidas, cujo 75º aniversário também sendo celebrado este ano, que simboliza o início da era de nações soberanas iguais, teve uma influência moral e espiritual imensa sobre os povos do mundo, e contribuiu para o surgimento do movimento de libertação nacional e a luta contra o colonialismo.
A segunda metade do século XX entrou na história do mundo como o período da descolonização. Durante os anos 1950-1970, a maioria das colónias africanas, asiáticas, caribenhas e oceânicas dos estados europeus conquistaram a independência política.
O ano de 1960 entrou na história como o ano da África – só nesse ano, 17 estados africanos libertaram-se da dependência colonial. Portugal era o último império colonial, estando a maioria das suas colónias localizadas no continente africano – Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Ilhas de Cabo Verde (Cabo Verde), São Tomé e Príncipe, onde também se desenrolou o movimento anticolonial ativo.
A luta pela libertação nacional em África colocou no olimpo político o líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Amilcar Cabral. A despeito dos planos dos conspiradores, o assassinato de A.Cabral em 20 de janeiro de 1973 fez dele o símbolo imortal de autossacrifício em prol do triunfo dos ideais de boa-fé e da justiça. A.Cabral tem sido muito apreciado e respeitado em Moscovo por seu insight intelectual, ampla erudição e charme pessoal. O nome do A.Cabral está para sempre inscrito na história de Cabo Verde, da África, nos anais mundiais da era do romantismo político.
A URSS prestava aos patriotas africanos assistência material, inclusive o fornecimento de foguetes e armas de artilharia de alta tecnologia da época, o que em grande medida predeterminou o resultado vitorioso das batalhas. Em 1965, o centro de instrução especial para o treinamento militar de guerrilheiros africanos foi organizado na Crimeia, no povoado de Perevalnoe.
Amilcar Cabral, Agostinho Neto, Samora Machel em Perevalnoe (Crimeia, abril de 1971)
A independência de Cabo Verde foi proclamada em 5 de julho de 1975 e, em 14 de julho, foram estabelecidas relações diplomáticas com a URSS.
Os princípios de liberdade, democracia e parceria igual permanecem na base das relações russo-caboverdianas de hoje, que se desenvolvem para uma trajetória ascendente. O ambiente de confiança e respeito mútuo é reforçado pela memória histórica do passado.
O tecnogénico século XXI revelou a escassez de ideais de humanismo, fé e da sinergia de coletivismo ao enfrentar novos desafios da evolução geral.
Os exemplos da história política do século XX, destinos pessoais dos românticos e as vitórias conquistadas compensam isso.
Hoje, o “Regimento Imortal” da Rússia continua a carregar na arena internacional o pendão da Grande Vitória. Nas Nações Unidas, a Rússia, juntamente com um grupo de estados, submeteu a proposta no sentido de reconhecer a Vitória sobre o nazismo na Segunda Guerra Mundial como património mundial da humanidade.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 963 de 13 de Maio de 2020.