"A intenção da Binter é manter o serviço inter-ilhas em Cabo Verde e oferecer as mesmas politicas comerciais que em Canárias. De momento foi tomada a decisão de parar as vendas a partir de 28 de Outubro, dia em que entram em vigor os novos preços, até que a companhia defina as condições e o serviço que se poderá prestar a partir dessa data", lê-se na nota enviada aos parceiros comerciais da companhia.
Na mesma nota, a Binter, que é a única a voar entre as ilhas, diz que está a analisar "a viabilidade do projecto Binter no país e a manutenção das rotas actuais".
O Expresso das Ilhas procurou reservar uma passagem inter-ilhas, através do site, para qualquer data, e qualquer destino, a partir de 28 de Outubro. Em todos os casos, a mensagem é sempre a mesma: "não existem lugares disponíveis".
Num outro comunicado, neste caso enviado às redacções e publicado no Facebook da empresa, a companhia cabo-verdiana, com capital espanhol, nada diz sobre a suspensão das vendas, mas comenta que as novas tarifas prejudicam "gravemente a Binter Cabo Verde".
A Binter CV vai mais longe e diz mesmo que "estas novas medidas de AAC, junto com outras anteriores tomadas contra a Binter Cabo Verde, libertam a Binter de compromissos tomados com o Governo anterior da VIII legislatura como da actual IX legislatura" .
Na sexta-feira, a AAC tornou pública a nova tabela tarifária para os voos entre as ilhas, estabelecendo preços máximos ligeiramente mais baixos do que os actuais, na maioria das rotas. Segundo a reguladora, a decisão foi tomada depois de negociações com a Binter. A proposta inicial seria manter os preços inalterados, modificando as condições associadas ao produto. Por exemplo, terá sido proposto o aumento da franquia de bagagem para 40 kg, proposta recusada pela companhia.
Desde Agosto de 2017, a Binter é a única companhia a operar no mercado dos voos domésticos em Cabo Verde, o que aconteceu após o fim da operação nacional da TACV, por decisão do Governo. O entendimento do executivo com a Binter, anunciado em Maio do ano passado, previa a entrada do Estado no capital da empresa, o que nunca aconteceu.
Em Maio deste ano, numa entrevista conjunta ao Primeiro-Ministro, o Expresso das Ilhas e a Rádio Morabeza questionaram Ulisses Correia e Silva sobre os riscos do actual quadro da operação inter-ilhas, dominado por uma empresa privada, de capital estrangeiro, sem qualquer contrato de serviço público. Em resposta, o chefe do Governo mostrou-se tranquilo e afastou a possibilidade de uma crise futura.