As duas posições foram defendidas por representantes do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) e do Movimento para a Democracia (MpD), em conferências de imprensa separadas de balanço das jornadas parlamentares e de antevisão do debate sobre o Estado da Nação, que acontece na próxima semana.
Para Rui Semedo, deputado e líder parlamentar do PAICV, o Estado da Nação ainda "não é bom", porque há desânimo, angústia, desesperança e muita insatisfação demonstrada em quase todas as ilhas.
O líder parlamentar do PAICV apontou problemas ligados ao mundo rural, decorrentes de dois anos consecutivos de seca, jovens desempregados, dificuldades nos transportes marítimos e aéreos, desaparecimento de pessoas, violência e assaltos, bem como algumas manifestações realizadas nos últimos tempos.
Nos últimos dias, o primeiro-ministro , Ulisses Correia e Silva, esteve em várias ilhas a inaugurar e a lançar obras, mas para o representante do maior partido da oposição, não há uma dinâmica de construção e de lançamento de obras igual ao passado, em que houve um "processo intensivo" de infraestruturação do país.
"O primeiro-ministro tem poucas obras para mostrar. As obras são importantes, mas as que o Governo tem são insuficientes. O país precisa mais. Há muitas obras que são lançadas e que depois não arrancam", constatou Rui Semedo, esperando que as obras lançadas pelo chefe do Governo não sejam apenas para criar uma percepção positiva em relação ao Estado da Nação.
O líder parlamentar do PAICV disse que ficou satisfeito com a declaração do vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, de que "há dinheiro que nunca mais acaba", mas espera que esse dinheiro chegue à população.
Por sua vez, Anilda Tavares, deputada nacional do Movimento para a Democracia (MpD) por Santiago Norte, considerou que o país "está de boa saúde" e a crescer de forma sustentável entre 5 a 5,5%.
"O país tem enorme razão para estar optimista, contrariamente ao pensamento pessimista e derrotista da oposição", afirmou a deputada, garantindo que o Governo está a resolver "com determinação" os problemas de transporte aéreo e marítimo inter-ilhas.
E disse que nos próximos dias haverá "boas novas", como um novo barco para fazer ligações inter-ilhas e a retoma dos voos internacionais a partir da ilha de São Vicente com destino a Lisboa, tal como anunciou na semana passada o primeiro-ministro.
O presidente da companhia aérea Cabo Verde Airlines (CVA), Jens Bjarnason, disse hoje em entrevista à agência Lusa que essa é uma possibilidade que não é afastada, uma vez que "está em avaliação".
"Este é um problema que há muito o Governo está a tentar resolver", referiu Anilda Tavares, lembrando da situação em que o actual Executivo encontrou a companhia de bandeira nacional.
Sobre a questão do crescimento, a deputada disse que está a reflectir na vida das pessoas, uma vez que, notou, o rendimento das famílias está a aumentar e há aumento de consumo das famílias.
A deputada sublinhou que a Nação "está bem", mas tendo o actual Governo herdado "situações difíceis", mas garantiu que, graças aos projectos em curso, os próximos dois anos serão "ainda melhor".
Além do debate sobre o Estado da Nação, na sessão, que marca o fim do ano parlamentar, os deputados cabo-verdianos vão discutir um conjunto de iniciativas legislativas, como o Estatuto dos Militares ou o Plano de Cargos, Carreias e Salários (PCCS) da Assembleia Nacional.