“Temos de deixar claro que as informações que trazemos são as informações que recebemos e trabalhamos para que sejam informações fiáveis. Não há interesse nenhum em esconder ou omitir dados”, até porque os números reais acabaram sempre por ser descobertos. “Não adianta esconder números“. Jorge Barreto respondia assim quando questionado sobre a discrepância entre os números avançados pelos boletins epidemiológicos e dados revelados em conferência de imprensa.
O tema da transparência dos dados já tinha sido levantado na última conferência de imprensa sobre a COVID-19, que aconteceu na passada segunda-feira, na qual se confirmou a existência de nove casos da doença na Cadeia Civil da Praia. Na altura, o director nacional Artur Correia asseverou que os dados transmitidos pelos laboratórios de virologia são transparentes e sem nenhuma “camuflagem”.
Mais uma vez, o porta-voz, desta feita Jorge Barreto, garantiu então essa transparência e explicou o processamento e cadeia da recolha de informação que é transmitida na conferência.
Os resultados são compilados pela delegacia de saúde, que passa depois essa informação às instituições e porta-vozes. Ora, no hiato de tempo entre a compilação dos números e o momento da conferência estes podem mudar e outras informações ser acrescidas.
“Os dados que são trazidos aqui, são dados que recebemos até às 15h e que são trabalhados e verificados com muito esforço e trabalho de todos os profissionais de saúde que trabalham nessa cadeia, até os dados chegarem à conferência,
Todo o trabalho é feito no sentido de trazer a informação mais fiável possível”, garante.
Porém, acontece que a situação evolui, como é normal nas situações epidemiológica e portanto as informações e números também mudam, clarificou.
Aumento de casos na Praia estará relacionado com comportamento das pessoas
Mas a principal mensagem da conferência de hoje foi o apelo feito peloDirector do Serviço de Prevenção e Controlo de Doença à população, em particular aos praienses.
No dia em que Cabo Verde atinge o patamar dos 3000 casos acumulados, registando 80 casos novos, dos quais 69 na Praia (resultados de amostras de 10 e 11 de Agosto), o apelo das autoridades é que tenham mais zelo no cumprimento das medidas de contenção dos contágios.
“Como podemos verificar, tem estado a haver , pelo menos no concelho da praia um número considerável de casos novos diariamente”, o que para as autoridades “poderá estar relacionado com o comportamento as pessoas”.
Jorge Barreto aponta que se continua a verificar “que as pessoas não estão a respeitar a questão do distanciamento, nomeadamente em instituições, principalmente em instituições públicas”.
Além disso, embora a maior parte use máscaras, nem sempre o faz de maneira adequada.
“Às vezes as máscaras estão debaixo da boca ou deixam o nariz de fora” o que retira toda a eficácia do seu uso, aponta.
Esse comportamentos têm de ser alterados, com vista a reduzir o número de casos. Porque quanto mais casos formos tendo maior a probabilidade de acontecerem mortes”, incluindo entre os jovens.
“Fazemos então este apelo, para que as pessoas tomem consciência para que a situação, pelo menos aqui no concelho da Praia onde tem sido mais preocupante, tenha algum controle”, concluiu.
A Praia representa, neste momento, 60% dos 3000 mil casos acumulados, e 82,6% dos 793 activos (547 pessoas ainda em seguimento por infecção pelo novo coronavírus).