​PAICV diz que dados da Afrosondagem confirmam “desnorte do Governo”

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,26 abr 2018 13:31

Janira Hopffer Almada
Janira Hopffer Almada

A presidente do PAICV, Janira Hopffer Almada, considera “muito preocupante” o facto de, apenas dois anos depois, os cabo-verdianos considerarem que a governação do país vai no sentido errado.

A líder do maior partido da oposição fez estas considerações, hoje, em reacção aos dados revelados nesta quarta-feira, 25, pela Afrosondagem, sobre a governação e a qualidade da democracia no país.

Segundo a empresa de estudos de opinião, um total de 76% dos cabo-verdianos diz estar pouco ou nada satisfeito com o funcionamento da democracia em Cabo Verde. Um descontentamento que tem vindo a aumentar desde os anos anteriores, sendo que em 2014 essa insatisfação era expressada por 65% da população.

Mais ainda, aumentou para 44% a percentagem de cabo-verdianos que considera que a democracia nacional tem “grandes problemas” (contra 37% que deram essa resposta em 2014).

“Os dados vêm confirmar o que vimos alertando desde há algum tempo a esta parte”, considera a presidente do PAICV.

Hopffer Almada acrescenta, citada pela Inforpress, que o PAICV tem “alertado ao executivo que a governação está a dar sinais de desnorte, sobretudo em sectores estratégicos e com medidas que não protegem os interesses supremos do país”.

“É muito preocupante, sobretudo por causa dos impactos que esta direcção errada terá e já está a ter na vida de todos nós, caso não se arrepie o caminho e a acção não seja recentrada”, diz.

O presidente do PAICV aponta alguns desvios, como “ataques claros, numa perspectiva da fragilização do Estado de Direito Democrático, que passa pela liberdade de imprensa”.

Na sua perspectiva, as medidas do executivo nos sectores dos transportes aéreos e marítimos e, também, na educação “não estão a proteger os interesses dos cabo-verdianos”.

Aponta, por outro lado, a política externa como um dos sectores onde nunca se tinha registado “sinais tão graves como aqueles que aconteceram desde que o actual Governo tomou posse”.

Ainda relativamente à política económica, entende que, para o PAICV, o crescimento que interessa ao país tem de ser “inclusivo”.

“É importante que o país cresça e seja gerada mais riqueza, mas é igualmente importante garantir a redistribuição desta riqueza, sobretudo na perspectiva de inclusão daqueles que são mais vulneráveis”, enfatiza

Relativamente à medida de isenção de vistos aos cidadãos europeus, lembra que o seu grupo parlamentar votou contra e que os dados do estudo vêm agora confirmar que, também, “a maioria dos cabo-verdianos está contra”.

Instada se o Governo deve recuar na questão dos vistos aos europeus, disse que não é a isenção que vai fazer aumentar a procura de Cabo Verde, mas sim a “qualificação do destino turístico”.

“Temos de qualificar o nosso destino, tendo melhor energia, mais acesso à água, melhor saneamento, formação e mais segurança”, aponta.

O estudo da Afrosondagem revela que 82 por cento (%) dos cabo-verdianos consideram que os políticos nunca ou poucas vezes fazem o melhor para ouvir aquilo que o povo tem para lhes dizer.

Confrontada com este facto, Janira Hopffer Almada afirma que é preciso “melhorar” este relacionamento e garantir uma “grande proximidade com os cidadãos”.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,26 abr 2018 13:31

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  5 fev 2019 10:57

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