PAICV acusa governo de incumprimento de compromissos nos transportes. MpD diz que ganhos do sector são claros

PorSheilla Ribeiro,8 jan 2020 14:38

O deputado João do Carmo, representante do PAICV, apontou hoje a “incapacidade” do governo em cumprir os seus compromissos de campanha e em resolver os problemas dos cabo-verdianos, indicando a “promessa de 2017”, de equipar os aeroportos para receber voos em situações de bruma seca.

Durante a sua intervenção, o deputado da oposição acusou ainda o governo de não dar importância à salvaguarda do interesse público nacional, ao gerir o sector de transporte com total “instransparência”, colocando-o nas mãos de empresas estrangeiras, “sem contratos".

Na mesma linha, este representante do Partido Africano da Independência de Cabo Verde aponta ainda o dedo ao governo por, na sua perspectiva, relegar as empresas nacionais para um plano de inferioridade, quando estas precisavam era de apoio para assumir, na plenitude, o sector.

 “A situação no sector dos transportes é reveladora da desgovernação que o país vem vivenciando nestes quase quatro anos, com o Governo do MPD, que para proteger o interesse (ou interesses) de uma classe próxima do Partido, vende, ao desbarato, os activos do país, que tanto custaram a gerações, à sua edificação. Com isso, não protege o interesse nacional e nem protege as gerações vindouras”, relatou.

Prosseguindo, João do Carmo afirmou que o governo decidiu “penalizar” a região norte do país com a suspensão do voo directo São-Vicente-Lisboa da Cabo Verde Airlines, “prejudicando gravemente” os empresários e os cidadãos desta região.

“Não nos surpreenderia se este governo, nas vésperas das eleições legislativas de 2021, decidisse retomar temporariamente a ligação São-Vicente – Lisboa, em mais uma tentativa de enganar os sanvicentinos e toda a população da região norte do país”, disse.

Em relação aos transportes marítimos, acrescentou João do Carmo que o governo “negou avalizar” a aquisição de navios pelos armadores nacionais, mas que não hesitou em prestar o aval à concessionária liderada pela Transinsular, que, conforme disse, está a implementar uma “cópia integral” da proposta feita pelos armadores nacionais.

“A desorientação do governo no sector dos transportes (aéreos e marítimos) é evidente e envolta em intransparência e negociatas mal explicadas. Basta vermos que ninguém sabe nada sobre a prestação de contas destas empresas onde o Estado detém importantes participações, ninguém sabe onde param os 30% da participação que detém na Binter CV”, indicou.

Para Armindo Luz, deputado do MpD, os ganhos nos transportes aéreos são claros e evidentes.

“De um avião preso naHolanda em 2016, a TACV completamente falida, constituindo um elevado risco fiscal à nação, custando ao erário 300 mil contos mês, sem contar com o congelamento da ajuda orçamental a Cabo Verde, com 500 trabalhadores em risco de perder o emprego, com dois ATR vendidos... Hoje a situação é de longe diferente para melhor”, lembrou.

De 8 mil passageiros em trânsito, em 2018, segundo Armindo Luz, a Cabo Verde Airlines ultrapassou, hoje os 68 mil passageiros “potenciando o stopover e criando sinergias positivas através da conexão do turismo das ilhas”.

Por seu turno, o representante da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), António Monteiro, destacou que o sector do transporte “merecia” uma atenção redobrada.

“A nível internacional devemos dizer que a UCID está tranquila relativamente aos TACV, mas a nível nacional dos transportes marítimos nós não estamos bem pelo que pedimos a esse governo para dar atenção a este sector porque se não tivermos um sector capaz o desenvolvimento do país ficará adiado por mais algum tempo”, apelou.

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Autoria:Sheilla Ribeiro,8 jan 2020 14:38

Editado porSara Almeida  em  28 set 2020 23:21

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