Para as reformas estruturais, o PAICV defende que a reconstrução do sistema produtivo nacional deve estar assente nos sectores onde, globalmente, já existe um consenso político, nomeadamente a economia azul, diversificação do sector turístico, modernização da agricultura, das pescas e o sector digital.
“O problema que se nos coloca é como lá chegar. Infelizmente, desde 2016, o que temos visto é um custo elevado da governação. Um custo muito alto da máquina pública, mas também um custo elevado decorrente de decisões de duvidosa, ou nula, eficácia adoptadas pelo governo”, intercedeu o líder parlamentar João Baptista Pereira.
De acordo com o PAICV, o país precisa de conhecer as medidas de política que estão sendo executadas para resgatar da pobreza extrema os 115 mil cabo-verdianos que vivem com menos de 200 escudos por dia e que vivem em situação de insegurança alimentar.
Um outro problema apontado por aquele líder parlamentar tem a ver com a vulnerabilidade social de mulheres e meninas, a qualidade da educação que, no entender do seu partido, “tem vindo a sofrer uma forte erosão” e o aumento do abandono escolar, assim como as assimetrias regionais.
“Em suma, senhor Primeiro-ministro, precisamos debater o que significa, na óptica da população, o desenvolvimento sustentável. Num cenário em que a ameaça de mais um mau ano agrícola é real, quais as suas políticas para o mundo rural? Como falar de desenvolvimento sustentável se temos em Cabo Verde um inegável e estrangulador problema de acesso ao emprego e ao rendimento, particularmente para os jovens, porque a política do seu governo para este segmento da população se resume a estágios profissionais, para reduzir a procura de emprego e, assim, maquilhar as estatísticas do mercado de emprego?”, questionou.
Por sua vez, o líder da bancada do MpD, João Gomes, reconheceu que apesar de ser difícil, é possível alcançar o desenvolvimento sustentável que depende de vários factores, endógenos e exógenos. Mas, prosseguiu, depende essencialmente da visão e coragem dos governantes.
“Neste sentido, a liderança política deste país tem de ser capaz de incutir na sociedade a ideia que só podemos gastar aquilo que produzimos; que só o trabalho produtivo e o rendimento podem tirar as pessoas da situação de pobreza; que o populismo e o assistencialismo não são receitas que devemos seguir, pois no mundo, não há exemplo de um único país ou povo que se tivesse desenvolvido com base nessas práticas, de resto, nefastas para qualquer sociedade”, discursou.
João Gomes argumentou que a recuperação nacional dos estragos causados pela crise pandémica, não pode ter como meta, atingir os números de Janeiro ou Fevereiro de 2020.
“A recuperação tem de permitir acelerar o futuro; temos de sair mais fortes da crise em que nos encontramos, com os serviços públicos mais eficientes; com as empresas mais capitalizadas e mais produtivas; com o sector privado muito mais forte do que era em 2019; com mais emprego, mais empregos qualificados, melhor salário, entre outros”, pontuou.
A UCID, conforme António Monteiro, entende que é preciso criar condições para que realmente os cidadãos cabo-verdianos e as famílias possam ter uma vida melhor e condições para utilizar os recursos disponíveis de forma a garantir o futuro das gerações vindouras.
“Gostava que nesse debate pudéssemos de uma forma muito tranquila e serena falar sobre a questão das energias renováveis, temos um potencial extraordinário e se utilizarmos da melhor forma possível conseguiremos resolver problemas acima de tudo na questão da agricultura, das pescas e a problemática das alterações climáticas”, interveio.
O representante da UCID chamou também a atenção para o aspecto económico como uma das garantias de um desenvolvimento sustentável.