João Santos Luís foi eleito, no sábado passado, como sucessor de António Monteiro na presidência da UCID ao conseguir os votos de 135 dos 148 delegados presentes no XVIII congresso do partido realizado em São Vicente.
No mesmo dia, em declarações aos jornalistas, o novo líder da UCID disse que o “facto de ser eleito com uma maioria expressiva” lhe dava “uma grande responsabilidade durante os próximos quatro anos e nós iremos tudo fazer para não defraudar os militantes da UCID e os congressistas”.
“Tenho a certeza de que iremos fazer o partido crescer na medida em que defendemos a nossa moção estratégica. Já temos pronto um processo de reorganização, vamos tentar a reaproximação de todos os militantes, os antigos e os que estão afastados e tenho a certeza de que vamos vencer esta batalha”, acrescentou.
No mesmo dia ficou a saber-se que Jorge Humberto, Adirley Gomes, Neida Rompão e José Graça são os vice-presidentes do partido. Um grupo que, explicou João Santo Luís, terá “a autonomia necessária para poder ter mais eficácia e eficiência nas suas acções”.
António Monteiro, que deixa a presidência, vai manter-se ligado ao partido como Conselheiro Nacional.
Regresso ao Parlamento
Após a eleição, em declarações à RCV, João Santos Luís, admitiu regressar ao parlamento no quadro da “rotação” dos deputados democratas-cristãos, para atingirem “maior nível de experiências” e levar “ideias novas” à Assembleia Nacional.
“No início da legislatura, nós, os cinco, traçámos uma estratégia em que cada um de nós faria um mandato de quatro anos na Assembleia Nacional, por forma a permitir uma rotação dos nossos deputados para atingir maior nível de experiência e levar ideias novas”, revelou o novo timoneiro do partido dos democratas-cristãos.
João Santos Luís, deputado suplente nas listas da UCID, fez estas considerações em entrevista ao programa “Café Central” da Rádio de Cabo Verde (RCV).
O presidente da UCID não adiantou quais dos quatro deputados democratas-cristãos irão deixar o parlamento para ceder lugar ao líder, uma vez que é na Assembleia Nacional que ele poderá confrontar-se com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, nos debates mensais ou então com os ministros.
Ainda não sabe qual dos deputados vai deixar o Parlamento, mas deixou transparecer que é mais uma questão de reagendamento do que havia sido acordado entre os quatros eleitos da UCID.
Instado sobre a Dora Oriana Pires que deixou o cargo de vice-presidente do partido, Santos Luís informou que esta “não perdeu nenhuma relevância”, uma vez que vai assumir “cargos importantes” no seio da UCID, como o de presidente da Mesa do Congresso e, consequentemente presidente do Conselho Nacional (CN).
“Irá ter no partido responsabilidades acrescidas de comandar uma equipa de 33 elementos”, destacou, lembrando que o CN é um órgão de “extrema importância” para o partido e Dora Oriana, acrescentou, “vai dar a sua contribuição para o crescimento” da UCID de “forma natural”.
Uma das metas já traçadas para o seu mandato é trabalhar, juntamente com os seres eleitos, fazer o partido “crescer mais para poder servir melhor Cabo Verde”.
“Os resultados que podemos vir a ter nas eleições autárquicas de 2024 e nas legislativas de 2026 vão depender de cada militante e de cada dirigente do partido”, assegurou, indicando que não vai depender apenas do líder.
João Santos Luís não admite que a UCID seja um partido regionalista, pelo facto de a sua base de apoio se circunscrever a São Vicente, círculo eleitoral onde elegeu os quatro deputados.
“Existem pessoas identificadas que têm interesse em dizer que a UCID é um partido regionalista. Isto é falso. Para já a Constituição da República não permite partidos regionalistas. Todos os partidos registados no Tribunal Constitucional têm intervenção nacional”, apontou João Santos Luís, reconhecendo, contudo, que, por razões financeiras, têm experimentado alguma dificuldade em concorrer em todos os círculos eleitorais.
*com Inforpress
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1061 de 30 de Março de 2022.