A medida está em vigor desde quarta-feira, em decorrência dos danos provocados pelas chuvas ocorridas a 06 de Setembro.
“Três meses depois das chuvas, o Governo vem nos brindar com uma declaração da situação de contingência, o que nos deixa profundamente preocupados por lermos no silêncio do Governo, durante estas 13 semanas, uma atitude democrática, no mínimo, contraproducente. Quando se sabe que o montante financeiro em causa, segundo dados colhidos nesta casa, não ultrapassará os 50 mil contos, este montante corresponde tão-somente 0,2% do orçamento da Câmara Municipal de São Vicente para o ano de 2022. Portanto, esperamos não haver aqui outras intenções políticas escondidas”, diz.
A UCID entende que se o Governo quer realmente ajudar a resolver problemas estruturantes que afligem a ilha de São Vicente, por altura das chuvas, é preciso fazer muito mais.
“Infelizmente, com esta declaração, e a forma como ela é feita, nós não vislumbramos qualquer possibilidade de saneamento de todas as causas que vêm ano após ano, por altura da queda das chuvas, atormentando a ilha de São Vicente. Fosse o Governo, nesses seis anos e meio de mandato, amigo de Cabo Verde e de São Vicente, teria tomado algumas medidas nas chuvas caídas anteriormente e que, como se lembra, provocaram maiores estragos aqui na ilha do Porto Grande”, entende.
O PAICV, que na quarta-feira fez uma declaração política sobre o mesmo tema, juntou a sua voz à da UCID. João do Carmo, deputado do maior partido da oposição, entende que o objectivo do Governo é injectar dinheiro na Câmara Municipal no sentido de se preparar para possíveis eleições antecipadas.
“O Governo está a injectar recursos à Câmara Municipal neste momento para que a câmara se prepare para possíveis próximas eleições com recursos do Estado. Porque pode haver eleições numa situação de contingência”, considera.
Em defesa do Governo, o deputado do MpD, Vander Gomes, justifica a declaração da situação de contingência com a necessidade de resolver vários problemas causados pelas chuvas de Setembro na ilha.O parlamentar da maioria acusa a oposição de discursos incendiários.
“Tivemos desabamento de muros de protecção que colocaram em risco a vida de várias pessoas. Posso elencar os muros de protecção no Alto Fortim, campo de Chã de Alecrim, estrada da Baía das Gatas, entre outros. Estradas foram cortadas e já tivemos acidentes por causa do estado do piso. Diques precisam ser desassoreados para impedir que novas chuvas façam estragos ainda maiores e quem vai sofrer é a população sanvicentina. Nós não vamos deixar de agir por causa de discursos políticos incendiários e sem nenhum pingo de responsabilidade social”, afirma.
A resolução que decreta a situação de contingência em São Vicente, em decorrência dos danos provocados pelas chuvas ocorridas a 06 de Setembro, foi aprovada em Conselho de Ministros no dia 4 de Novembro, mas só entrou em vigor esta quarta-feira.
No documento, o Governo justifica a medida com a necessidade de dar resposta aos estragos registados em infraestruturas municipais e nacionais e em casas particulares.