Durante a sua declaração política, António Monteiro alertou para o facto de um saco de 50 quilos de farinha passar de 2.890 escudos para 4.600 escudos, correspondendo a um aumento de 60%.
“Com este aumento, iremos ter duas saídas, ou as padarias irão aumentar de forma bastante vincada o preço do pão e consequentemente teremos os cabo-verdianos com muitas dificuldades de comprar este bem precioso para se alimentar, ou as padarias terão de fechar as portas, lançando para o desemprego centenas de trabalhadores”, avaliou.
Quaisquer que sejam as soluções assumidas pelas padarias, António Monteiro diz que o país irá ter um problema social extremamente grave que vai exigir, por parte do governo, uma tomada de posição, apontando como exemplo o facto de uma carcaça que custa actualmente, em São Vicente, 18 escudos, passar a ser vendido por 25 escudos.
“Daí que queremos pedir ao governo para conter o preço da farinha de trigo, para conter o preço dos outros produtos, nomeadamente o leite. O leite que custava um saco de 25 quilos 9 mil escudos, custa agora 17 mil escudos, quase que duplica o preço. Dá-nos o conforto saber que o país, em 2022, teve um crescimento bastante aceitável. E, se teve esse crescimento bastante aceitável, significa dizer que o país reunirá as condições para que realmente possamos agir para impedir este aumento do preço da farinha de trigo, sem falar do milho que, provavelmente, poderá impactar negativamente na vida social dos cabo-verdianos”, apelou.
O deputado da UCID referiu ainda que a nível internacional há tendência de diminuição dos preços dos cereais e diminuição do custo dos fretes dos navios.
“De maneira que considera que há condições de objectivas querendo o governo estancar este aumento do preço dos produtos alimentares para que os cidadãos cabo-verdianos possam ter a tranquilidade e possam garantir o sustento necessário para as suas famílias”, defendeu.
Por sua vez, o deputado do PAICV, João do Carmo, apontou que o aumento do preço da farinha de trigo se deve à retirada da subsidiação do governo à empresa que importa farinha de trigo.
“O governo decide, em 2023, retirar o subsídio à farinha de trigo. O governo é eleito para resolver os problemas do povo, o governo subsidiava este produto porque sabia que precisava do apoio do povo nas últimas eleições”, acusou.
Já o deputado do MpD, Celso Ribeiro, frisou que a subsidiação da importação do trigo tem um custo trimestral de 49 mil contos e que nessa conjuntura a subsidiação não é suportável.
“O governo tem estado muito ciente em intervir e nós também alertamos ao governo que analise, como tem analisado pontualmente com o caso dos combustíveis, e nós estamos cientes que de facto o governo vai actuar de forma a continuar a proteger as famílias e dar rendimento para os mais necessitados”, assegurou.