Energias Renováveis: PAICV fala em regressão e MpD reafirma avanços

PorSheilla Ribeiro,24 mai 2023 11:52

Para o PAICV o país regrediu no que respeita às energias renováveis e afirma que faz falta um Primeiro-Ministro com visão, estratégia, acções e resultados, enquanto o MpD reafirmou que desde 2016 foram registados avanços importantes na eficiência energética. Já a UCID entende que é imprescindível a adequação das leis para que não haja uma discrepância acentuada entre a compra e a venda desta mesma energia.

As posições dos partidos foram hoje manifestadas durante o debate com o Primeiro-ministro sobre “Estratégia de aceleração da transição energética”.

Da bancada do PAICV, o deputado Armindo Freitas destacou que o país teve ganhos nesse sector até 2016 durante a governação do seu partido apontando depois aquilo que considera falhanços da governação do MpD e de Ulisses Correia Silva.

Como exemplo, citou que quando o PAICV assumiu a governação, apenas 50% do país estava coberto de electricidade e apenas 1% era o rácio de penetração de energia renovável e que a Electra se encontrava descapitalizada e desvalorizada e a rede eléctrica estava aos pedaços.

Quanto aos “falhanços”, um dos exemplos apontados por este deputado tem a ver com a queda a nível de rácio de penetração, de energia renovável de mais de 20% em 2015 para perto de 16% actualmente.

“Prometeu acelerar a transição energética em linha com a meta de atingir 30% de progressão a partir de fontes renováveis até 2025, ultrapassar os 50% em 2030 e alcançar 100% em 2040. Vai conseguir, Senhor Primeiro-Ministro? Pelos sinais? Não, porque os dados mostram que estamos a regredir, passando de mais de 20% para 16%. Prometeu aumentar a energia solar fotovoltaica em 10 megawatts para Santiago em até 2022, 5 megawatts para Boa Vista até 2022, 5 megawatts para Sal até 2023, 5 megawatts para São Vicente até 2023, 4 parques solares nas ilhas de Santo Antão, São Nicolau, Fogo e Maio e aumentar a capacidade de armazenamento da energia renovável. Temos? Não. Prometeu promover oportunidades de emprego para jovens no domínio de energias renováveis. Mais uma falácia”, considerou.

Armindo Freitas interpelou ao Governo sobre estratégia para mobilizar recursos para financiar as propostas e atingir as metas apresentadas, se será ou não viável um monopólio privado no sector de produção de energia e como assegurar 100% de energias renováveis num país arquipelágico.

“Senhor Primeiro-Ministro explique, fala de estratégia e deixe de anúncios, no sector energético também o senhor falhou. Temos sol, temos vento, temos mar, temos vulcão activo, temos quadros formados, especialistas, temos empresas e legislação. O que falta é um Primeiro-Ministro com visão, estratégia, acções e resultados”, acusou.

MpD

O líder da bancada do MpD, Paulo Veiga, reafirmou que graças ao trabalho desenvolvido no sector energético pelo actual Governo, sob a liderança de Ulisses Correia e Silva, desde 2016, foram registados avanços importantes na eficiência energética.

Entre esses avanços, apontou a migração para combustíveis mais económicos; substituição do sistema tradicional de iluminação pública para lâmpadas LED; introdução de contadores inteligentes; novo Centro Nacional de Despacho com sistema moderno; instalação de laboratórios modernos para aferição de contadores e de controlo de medições; criação do sistema nacional de etiquetagem e registo dos equipamentos eléctricos, entre outros.

“Temos a noção de que a implementação do programa de transição energética exige mobilização de recursos financeiros relevantes, sendo o valor estimado global de investimentos até 2030 de cerca de 520 milhões de euros, dos quais 280 milhões de euros são investimento privados e 240 milhões de euros de investimento público”, proferiu.

O MpD assegura que o Govenro tem visão e que está a construir um novo sector energético no país, com metas bem definidas, ambicionando atingir 30% da produção de energia eléctrica a partir de fontes renováveis até 2025, ultrapassar os 50% até 2030 e chegar perto dos 100% em 2040.

Para atingir estes objectivos, Paulo Veiga reiterou que o Governo tem algumas acções de melhorias estratégicas em curso, implementação de políticas e medidas de aceleração da eficiência energética, implementação da Carta da Política para Mobilidade eléctrica, reforço das medidas para um aumento da instalação de infraestruturas de carregamento de veículos eléctricos, entre outros.

“No entanto, para estas mudanças de paradigma na nossa sociedade, onde a sustentabilidade seja valorizada e a transição energética seja um objectivo comum, uma transição energética para ser bem-sucedida requer uma consciencialização adequada a todos os níveis da sociedade, pois trata-se de um desafio global mas também um designo nacional, uma oportunidade para Cabo Verde se destacar como um país de referência em energias renováveis”, discursou.

UCID

Já o presidente da UCID, João Santos Luís, manifestou que a transição energética deverá permitir que os consumidores possam produzir através de fundos renováveis a energia que necessitam e injectar na rede pública de distribuição eléctrica o remanescente desta mesma energia.

“O que aqui nos afigura complicado é o facto do custo de venda desta mesma energia ser bastante inferior ao custo de compra, o que pode inviabilizar a nascença do desenvolvimento deste sector. Nesse sentido, a UCID entende que é imprescindível a adequação das leis para que não haja uma discrepância acentuada entre a compra e a venda desta mesma energia”, exprimiu.

Um outro passo importante para esse partido, deve ser assumido no sentido de se produzir o hidrogénio verde a partir das fontes renováveis, nomeadamente o Sol e o vento.

“Considerando o regime de vento e o Sol existente nas ilhas a nossa convicção que o país possui um grande potencial para produção do hidrogénio verde e, consequentemente, exportação deste combustível amigo do ambiente. Precisamos rapidamente de trabalhar no sentido adequado para que a produção do hidrogénio verde se torne realidade o mais rapidamente possível que um país possa criar riqueza a partir deste sector. Terminando, o avanço tecnológico é de tal forma que a transição energética em Cabo Verde já deveria ter sido implementada há já algum tempo”, reputou.

Concorda? Discorda? Dê-nos a sua opinião. Comente ou partilhe este artigo.

Autoria:Sheilla Ribeiro,24 mai 2023 11:52

Editado porAndre Amaral  em  18 fev 2024 23:28

pub.

pub.

pub
pub.

Últimas no site

    Últimas na secção

      Populares na secção

        Populares no site

          pub.