A posição dos deputados do maior partido da oposição, eleitos por São Vicente, foi expressa por João do Carmo, depois dos encontros mantidos, durante o mês de Maio, com instituições e auscultação com a população.
“A Cabnave carece urgentemente de investimentos, caso contrário poderá estar em causa o serviço prestado pela empresa, o que poderá ter um impacto terrível na manutenção da nossa marinha mercante, feita a cada dois anos. E caso esses investimentos não sejam feitos agora provavelmente deverão recorrer às instalações navais das Canárias ou do Senegal para poderem estar de acordo com as leis de navegabilidade cabo-verdianas”, diz.
Em Fevereiro, o Primeiro-Ministro anunciou para este ano a regularização da dívida do Estado para com a Cabnave, que ronda os 78 mil contos. Ulisses Correia e Silva justificou a decisão com a criação de condições de “sustentabilidade financeira” da empresa inaugurada há 40 anos e que, segundo o governo, “nunca recebeu investimentos”.
Antes, em Outubro de 2022, o executivo, através do ministro do Mar, anunciou que estava a trabalhar num pacote de investimento de 50 milhões de euros para colocar a Cabnave “no seu estado normal de funcionamento e relançar novos nichos de negócio”.
O deputado do PAICV pede acção.
“Já estamos fartos de um Governo do ‘vamos fazer’. Precisamos de um Governo que resolva os problemas dos cabo-verdianos, que vá às expectativas dos cabo-verdianos. Dizer que ‘vamos fazer investimentos na Cabnave já não aceitamos”, refere.
Para João do Carmo, a falta de investimento na empresa coloca em risco a própria segurança dos trabalhadores.
Ainda no sector marítimo, os deputados do maior partido da oposição reuniram-se com representantes dos marítimos, na sequência das declarações do vice-presidente do Grupo ETE e representante do accionista na CV Interilhas, que em entrevista à Inforpress, a 24 de Maio, levantou suspeitas de sabotagem devido às sucessivas avarias dos navios da companhia.
“Hoje, a concessionária passa por situações difíceis para o desespero dos seus gestores, mas não se justifica, agora, utilizar o argumento de sabotagem para se desculpar a incapacidade de resposta da empresa às demandas do mercado no sector de transportes de passageiros e carga. Entendemos que a CV Interilhas deveria pedir desculpas públicas a todos os marítimos cabo-verdianos”, entende.
Durante a conferência de imprensa, João do Carmo voltou a chamar a atenção do Centro Comum de Vistos pela forma “horrível” ao processo de agendamento de vistos em São Vicente. O partido considera que não é normal, em pleno séc. XXI e num país livre e democrático, as pessoas enfrentarem tantas dificuldades durante um processo “que deveria ser cada vez mais fácil”.