Posições expressas, na noite de segunda-feira, durante o “Plenário” da Rádio Morabeza, programa de debate político para o qual o MpD não enviou representante. Do lado do maior partido da oposição, Adilson Graça saúda o regresso da companhia de bandeira ao mercado doméstico, mas levanta uma série de questionamentos sobre a nova companhia anunciada por Ulisses Correia e Silva.
“Para qualquer cabo-verdiano é com alguma tristeza que se observa o desnorte do governo neste sector. As medidas estão todas atabalhoadas. Dá-se a sensação que o primeiro-ministro, o ministro das Finanças e vice-primeiro-ministro, dormem, sonham com uma solução e aplicam-na. E aplicam-na sem nada de científico por detrás, sem nenhuma base em termos de estudos. Temos essa preocupação. Como é que as coisas vão funcionar? Essa nova companhia vai ser privatizada? Vai funcionar somente no mercado interno? Vai ter o mercado regional? Portanto, toma-se essas decisões e depois vai-se pensar nos estudos que devem ser feitos para organizar o mercado”, entende.
O chefe do Governo já disse que a nova empresa a ser criada vai ser autónoma, de capitais públicos, dedicada exclusivamente ao transporte aéreo inter-ilhas. O Primeiro-ministro afirma que o que se quer é garantir uma operação eficiente e focada nas necessidades específicas do transporte inter-ilhas.
Para António Monteiro, da UCID, a medida não faz sentido.
“Não faz sentido. Isso demonstra que o governo está à deriva. Já não sabe o que fazer. Como é que é possível o governo ter uma participação de 30% numa empresa que desenvolve a mesma actividade comercial e vai criar uma outra com 100% de investimento público para fazer a mesma coisa, para ter a mesma actividade comercial? Aqui, das duas uma, ou o governo quer realmente afastar os TICV e vai tentar asfixiar os TICV, dando primazia à nova companhia que vai se criar com um nome que ainda não se conhece, ou então o governo não sabe o que está a fazer? Pergunta-se, se os TACV domésticos não estavam devidamente organizados, não davam garantia, esta nova companhia que se vai criar vai dar garantia?”, questiona.
Os partidos da oposição querem que o Governo divulgue os valores envolvidos no aluguer do ATR à Air Senegal com a respectiva tripulação. Por outro lado, esperam que os cabo-verdianos saiam a ganhar, com as medidas anunciadas, a nível da previsibilidade dos voos, na redução das tarifas e com ligações dos TACV a todas as ilhas com aeroportos.