Em jeito de antevisão do debate sobre o estado da Nação, agendado para o final deste mês, na Assembleia Nacional, os dois partidos da oposição também fizeram o diagnóstico do sector da educação. Do lado do PAICV, Nilton Silva entende que há uma desorientação do Ministério da Educação.
“A nossa educação não está bem, está de rastros. Há uma desorganização e uma desorientação completa do Ministério da Educação. Ainda continua a existir disciplinas que foram leccionadas um ano inteiro sem programa. O ministro prometeu os manuais do 10º Ano para o mês de Janeiro e já vamos no fim do ano letivo. O ministro da educação prometeu, para dezembro, a inauguração da escola da Várzea. Fechamos o ano e ele teve a coragem de vir dizer na semana passada que a inauguração será antes do início do próximo ano letivo”, aponta.
Durante o debate, o representante partidário não esqueceu a questão de professores com salários em atraso ou sem cobertura da segurança social, mas preferiu centrar a sua intervenção no funcionamento do próprio sistema. Nilton Silva foca no sistema de avaliação e cita episódios mais recentes, antes das férias letivas.
“A avaliação está uma lástima. Imaginem que as pautas demoraram a sair porque os critérios não estavam como devem ser no sistema. As pautas foram colocadas em todo o Cabo Verde, o mais rápido possível, no dia 4 de Julho, uma quinta-feira que antecedeu o 5 de Julho, que era sexta-feira. As escolas colocaram pauta depois do meio-dia. Os alunos foram fazer exames no dia 8, segunda-feira, 8 horas da manhã. Muitos foram chamados para casa, muitos foram fazer exames sem lista porque ninguém se inscreveu. Não houve tempo. Chegou o dia de inglês, em São Vicente fez-se uma prova que não é igual ao nacional”, afirma.
A UCID segue na mesma linha e concorda que é preciso ter uma atenção concentrada na melhoria dos resultados da aprendizagem e das competências fundamentais. Zilda Oliveira coloca a tónica na qualidade.
“A nossa educação não está de boa saúde. Infelizmente, parece que ano a ano as decisões não são planeadas, muitas vezes não são devidamente fundamentadas e aquilo que nós verificamos é que a qualidade da nossa educação tem vindo a cair ao longo dos anos e por motivos diversos. Nós implementamos uma reforma com matrizes curriculares que obrigavam a determinadas disciplinas sem que nós tivéssemos professores em número suficiente para ministrar essas disciplinas”, diz.
Para Zilda Oliveira, é preciso evitar medidas paliativas que resolvem questões imediatas, mas acabam por criar um problema maior a curto, médio e longo prazo.
“Nós temos que parar e pensar efectivamente aquilo que nós queremos da educação. O discurso tem sido recorrente: vamos aproximar o nosso sistema educativo aos dos países da OCDE. Esses países, a primeira coisa que fizeram para aumentar a qualidade da educação foi investir nos professores. Nós temos aqui um problema grave com os professores”, afirma.
A deputada da UCID afirma que o país está a tentar uma aproximação curricular aos países da OCDE, mas esquece-se de adequar a revisão à realidade do país, sob pena de colocar em causa a qualidade da educação.