​Partidos alertam para os impactos da saída de jovens do país

PorFretson Rocha, Rádio Morabeza,28 jan 2025 10:39

O desemprego, a precariedade laboral, os baixos salários, o aumento do custo de vida e a fragilidade da economia. Alguns dos factores que estão a levar os jovens cabo-verdianos a procurar oportunidades fora do país. Percepção partilhada pelos partidos com representação parlamentar, na noite desta segunda-feira, durante o programa "Plenário" da Rádio Morabeza.

Num debate sobre “as razões que estão a impulsionar os jovens a deixar o país de forma acelerada", Nelson Faria, do PAICV, afirma que, apesar de Cabo Verde ser historicamente um país de emigração, o fenómeno está a assumir uma dimensão diferente e a gerar várias consequências.

“O impacto imediato será, certamente, a perda de mão-de-obra, alguma desestruturação familiar. Será, provavelmente, a médio longo prazo, problemas com a nossa própria segurança social, teremos também problemas demográficos porque vai é gente em idade produtiva. Outra consequência que eu creio que é relevante é na capacidade de afirmação do país. Quando o país perde gente qualificada, profissionais de valor, a afirmação do país tenderá também a ficar em causa”, entende.

Do lado da UCID, Zilda Oliveira recorda que os últimos dados da Afrosondagem revelam que 64% dos jovens com idades entre os 18 e os 35 anos pretendem emigrar, sendo a procura de emprego o principal motivo. As consequências já se fazem sentir em diversas áreas profissionais.

“Não se trata apenas de licenciados, mas acaba por se aplicar, por exemplo, à construção civil, à restauração, à hotelaria, áreas ligadas ao turismo. Nós começamos a ter défice. A nossa população ativa vai diminuir – cerca de 50% da nossa população ativa são jovens entre os 18 e os 35 anos. Se são esses os jovens que pretendem ou que estão a sair do país, eu acredito que a curto/médio prazo nós teremos um problema sério de mão-de-obra a vários níveis e que irá impactar o desenvolvimento económico do país e um conjunto de respostas em diferentes áreas”, considera.

O MpD defende que a emigração jovem não é um fenómeno recente e que tem impacto na economia nacional. O representante do partido, José Carlos da Luz, considera, no entanto, que é necessário tomar medidas para inverter a situação.

“É lógico que isso vai trazer um conjunto de problemas para o país. De facto, a emigração não é só de jovens com formação superior, são de diversas áreas. Isso pode levar também as empresas a pensar no aumento da massa salarial para reter os profissionais. Já se começa a sentir falta de serralheiros, canalizadores, pedreiros, etc. Mas isso não é um problema só de Cabo Verde. Portugal também tem esse problema, com a saída de portugueses para França e Luxemburgo onde encontram melhores salários. É uma situação que tem a ver com a globalização. Penso que, de certeza, Cabo Verde também daqui a pouco vai importar mão-de-obra”, acredita.

Os partidos acreditam que o estudo que o Governo pretende realizar sobre as “Aspirações dos jovens cabo-verdianos residentes no país e na Diáspora” poderá fornecer dados cruciais para definir uma estratégia nacional que permita reverter o cenário de emigração jovem.

O estudo será realizado pela Unidade de Desenvolvimento do Compacto Regional de Cabo Verde, do Ministério das Finanças e Fomento Empresarial, em parceria com a Millennium Challenge Corporation. A pesquisa deverá iniciar-se em Abril, com os resultados previstos para Setembro.

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Autoria:Fretson Rocha, Rádio Morabeza,28 jan 2025 10:39

Editado porAndre Amaral  em  30 jan 2025 17:20

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