Posições expressas na noite de segunda-feira, durante o “Plenário”, programa de debate político da Rádio Morabeza. O PAICV e a UCID entendem que o anúncio do dia do escrutínio, feito a 10 de Setembro, permitiu ao executivo organizar as suas actividades de pré-campanha e preparar o terreno para os seus candidatos.
O maior partido da oposição esteve representado por Adilson Graça.
“É claro que houve uma estratégia manhosa, as pessoas sentem isso. Esse aviamento interessa ao Governo, porque cria-se espaço, há mais tempo para o ministro da Família, como está a fazer, andar todas as ilhas para poder ter contacto com as pessoas, a vulgarizar o Fundo Mais, distribuindo para pessoas, claramente uma estratégia de caça ao voto. Depois nós tivemos um encontro do ministro das Finanças, pela primeira vez a receber pessoas no Ministério das Finanças para distribuir dinheiros sem necessidade, porque há instituições responsáveis que podem e devem fazer esse trabalho para a promoção do empreendedorismo”, refere.
António Monteiro, da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), entende que é do interesse do Governo estar envolvido na pré-campanha eleitoral. O responsável partidário recorda que a lei estabelece que as eleições podem acontecer um mês depois ou um mês antes da data em que, legalmente, se completam os respectivos mandatos. Monteiro diz que a prerrogativa legal não pode servir de trunfo para quem está no poder.
“O governo foi protelando, foi deixando passar o tempo para poder ir organizando as suas actividades também de pré-campanha, poder ir ajudando os seus candidatos a organizarem-se melhor e a preparar-lhes o terreno melhor, para poderem continuar a governar as autarquias que têm e, portanto, impedir que outros candidatos possam também organizar a tempo e hora e avançar. Ora, nós não podemos ter este trunfo na manga para servir os interesses de quem está no poder. Quem faz isto não está a julgar, politicamente falando, de forma transparente”, considera.
O MpD defende que a agenda governativa não deve ser condicionada em função das eleições. Vander Gomes diz que não percebe a preocupação da oposição, quando as baterias deveriam estar viradas para as plataformas eleitorais.
“Eu não vejo o porquê de o Governo vir a paralisar a sua agenda política nos municípios, nas regiões, por causa das eleições. O Governo tem uma agenda de trabalhos, uma agenda de contactos, e que deve dar continuidade, porque a vida das pessoas não pode parar em função das eleições. Marcar uma eleição há um ano, como sugerem os nossos colegas aqui, o país estaria em stress. Em stress porque qualquer passo que o governo dá, por exemplo, iam dizer que já estaria em campanha. O PAICV e agora a UCID tentam introduzir um não assunto no debate”, entende.
O Governo decidiu, no dia 10 de Setembro, marcar as próximas eleições autárquicas para 01 de Dezembro. De acordo com o caderno eleitoral, a inscrição de eleitores nos cadernos eleitorais fica suspensa a partir do dia 02 de Outubro até o dia do escrutínio. Nas eleições municipais de Outubro de 2020, o MpD ganhou 14 câmaras e o PAICV conquistou oito.