No debate parlamentar de hoje, o presidente do PAICV, Rui Semedo, argumentou que, embora a privatização possa trazer investimentos e conhecimento externo, deve ser cuidadosamente gerida para garantir benefícios tangíveis para a população e proteger os interesses nacionais.
"Depois da independência nacional, com esforço e sacrifício de todos os cabo-verdianos residentes e na diáspora, Cabo Verde construiu, nas mais diversas áreas, empresas que geraram riquezas, fizeram crescer o país e cumpriu a missão de prestar serviços e garantir o acesso a bens essenciais a preços comportáveis para toda a população em todas as ilhas", afirmou.
O líder do PAICV criticou a “falta de transparência” em alguns processos de privatização, referindo-se a casos em que os negócios foram conduzidos sem concursos e “beneficiaram apenas alguns escolhidos a dedo”.
"Nesse momento, desenvolve a narrativa de que o PAICV é contra todas as privatizações. Dizer apenas que o PAICV é contra não justifica o desatino desta venda desenfreada, irresponsável e sem a avaliação séria e rigorosa", enfatizou.
Rui Semedo defendeu a existência de um debate com a sociedade antes de qualquer privatização, a fim de construir entendimentos e consensos nacionais. Também questionou quais sectores deveriam ser privatizados, para quem, com que critérios e de que forma, defendendo a protecção de sectores estratégicos como energia, transportes marítimos e saúde.
"Privatizar não pode significar vender a terra por tuta-e-meia e ficarmos na miséria e sem os serviços que nos garantem qualidade e eficiência", disse.
MpD
O líder da bancada parlamentar do MpD, Paulo Veiga, considerou que "é crucial reconhecer que a mudança é inevitável e que aqueles que resistem à agenda de privatizações de empresas públicas em Cabo Verde podem estar a impedir o progresso económico e social do país, seja por falta de reflexão ou por uma posição contrária ao desenvolvimento".
O líder parlamentar do MpD ressaltou que as privatizações visam promover uma gestão eficiente e rigorosa das empresas públicas, visando não só a modernização e a competitividade, mas também a garantia de um serviço público empresarial acessível e inclusivo para todos.
Ao mencionar o programa de privatizações da década de 90, liderado pelo MpD, Veiga afirmou que foi um período decisivo na história do país, marcado pela audácia e determinação de impulsionar o desenvolvimento económico e promover a consolidação fiscal.
Conforme disse, as privatizações resultaram em aumento da eficiência, produtividade e competitividade da economia cabo-verdiana.
Nesse sentido, reiterou o compromisso do partido em apoiar as privatizações como meio para alcançar uma série de objectivos estratégicos, incluindo o crescimento económico, o aumento do emprego e a melhoria do ambiente de negócios em Cabo Verde.
UCID
O deputado António Monteiro disse que, embora não seja contra as privatizações em si, é fundamental garantir que sejam realizadas de maneira profunda, sustentável e com ganhos substantivos para o país.
"É crucial encontrar uma solução para as privatizações. Nós temos de encontrar uma saída para aquilo que deve ser o caminho que o país deverá seguir. E esta saída é só uma, é a transparência. É pôr em cima da mesa todos os dados para que as privatizações sejam feitas de forma profunda, com sustentabilidade e com ganhos substantivos para o país. Nenhum outro caminho irá ajudar o país. Nenhum outro caminho. Nenhum outro caminho favorecerá os cidadãos cabo-verdianos", apontou.
O deputado da UCID mostrou-se preocupado com a forma e os modelos aplicados em algumas privatizações, destacando a necessidade de debater questões relacionadas à transparência e aos ganhos reais para a população.
"Portanto, nós, a UCID, não somos contra as privatizações. Somos contra é a forma e os modelos que às vezes se aplicam para estas mesmas privatizações", enfatizou.