Segundo a Actualização Económica de Cabo Verde 2025, apesar do crescimento do PIB no ano passado, a dependência do sector turístico, a exposição a choques externos e as pressões fiscais das empresas públicas continuam a representar riscos significativos para a sustentabilidade do crescimento.
Intitulado “Desbloquear o Potencial Económico das Mulheres”, o relatório traça um retrato positivo da recuperação económica do país, destacando a melhoria da gestão macroeconómica, a redução do rácio da dívida e a diminuição da pobreza para 14,4% (com base na linha de pobreza de 3,65 dólares por dia, em paridade do poder de compra de 2017).
A inflação caiu para 1%, o nível mais baixo dos últimos anos, e a balança corrente registou um excedente pela primeira vez em quatro anos.
Contudo, o Banco Mundial sublinha que transformar esta retoma numa prosperidade duradoura e inclusiva exige reformas profundas.
“A recuperação de Cabo Verde é um testemunho da resiliência do seu povo e das suas instituições. Mas, para transformar esta retoma numa prosperidade duradoura e inclusiva, são necessárias reformas ousadas – em particular, para melhorar a governação das empresas públicas, apoiar a participação económica das mulheres e diversificar a economia”, afirmou Indira Campos, Representante Residente do Banco Mundial no país, citada no comunicado.
Para 2025, o crescimento do PIB deverá abrandar ligeiramente para 5,9%, mantendo, no entanto, uma trajetória positiva.
O relatório destaca que os riscos globais – como a volatilidade nos preços das matérias-primas e os impactos das alterações climáticas – poderão afectar o ritmo do crescimento e o avanço das reformas.
A publicação dedica ainda uma secção especial ao potencial económico das mulheres cabo-verdianas, sublinhando que a eliminação das desigualdades de género no mercado de trabalho poderia aumentar o PIB nacional em até 12,2% a longo prazo.
Para isso, o Banco Mundial recomenda a ampliação do acesso a serviços de cuidados infantis e a políticas de trabalho flexível; o reforço das competências femininas nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM), bem como no ensino técnico e profissional e o combate à discriminação laboral, acompanhado da transformação de normas sociais.
“Ao alinhar os esforços de reforma com políticas inclusivas, Cabo Verde tem uma oportunidade única para reforçar a resiliência, capacitar mais cidadãos – especialmente mulheres – e construir um futuro mais sustentável e mais justo”, concluiu Anna Carlotta Massingue, Economista Principal para Cabo Verde.