Oposição acusa governo de não investir e ser pouco eficiente no sector agrícola. MpD reconhece que ainda há muito a fazer

PorSheilla Ribeiro,10 mar 2021 15:02

O PAICV acusou hoje o governo de ter esquecido da importância do investimento na agricultura e ter estabelecido outras prioridades que não coincidem com os interesses e as expectativas dos homens do campo. Para a UCID, o executivo fez muito anúncio, mas na prática não tem sido eficiente a resolver os problemas dessa população. Já o MpD admitiu que muito foi feito neste mandato, mas que tem plena noção que ainda há muito a fazer.

Na sua intervenção, o deputado do PAICV, João Batista de Sousa começou por referir que foram reduzidos os investimentos no campo, foram desestruturados os serviços de extensão rural e foram eliminados os apoios e incentivos aos agricultores.

No seu entender, a gestão dos efeitos da seca “foi desastrosa”, o que levou à perda de milhares de cabeças de gado, provocando o empobrecimento de muitas famílias e a destruição de uma economia “que durou anos a ser estruturada e qualificada”.

Segundo o PAICV, todos sabiam que as medidas de mitigação do mau ano agrícola eram desajustadas da realidade, menos o ministro da Agricultura que insistiu na via criticada pelos camponeses e reprovada pelos criadores de gado.

“Para se fazer agricultura, está já assaz provado que é necessário um forte investimento na disponibilização de água para a rega”, disse.

A propósito da água, João Batista de Sousa, apontou para além da sua escassez para a rega, na cidade da Praia, “há uma grande penúria” deste líquido em vários bairros, onde os moradores passam meses sem ver uma gota de água.

No que ao ambiente diz respeito, o PAICV afirma que procurou vislumbrar na prática o que foi feito, mas, que "parece que os investimentos foram adiados para o novo mandato.

Do lado da UCID, António Monteiro considerou que nem sempre o país tem tido condições para responder de forma satisfatória às ambições dos agricultores, dos criadores de gado e também dos amantes da natureza.

“O país tem grandes problemas em termos de gestão de resíduos sólidos urbanos, basta ver o que aconteceu em São Vicente, o que aconteceu em Santo Antão, o que aconteceu em Santiago e o que aconteceu no Fogo. É uma tristeza e é importante o governo prestar mais atenção nesse sector”, declarou.

A UCID defendeu ainda que a falta de chuva não devia ser um pretexto para dizer que não se conseguiu ajudar os agricultores e criadores de gado a resolver os seus problemas, já que existem tecnologias “acessíveis e baratas”.

“Esse governo, infelizmente, fez muito anúncio, mas na prática não tem sido suficientemente eficiente para ajudar a resolver os problemas dessa população. São Vicente é uma ilha com um potencial agrícola em termos de pecuária. O que esse governo tem feito para os agricultores de Ribeira de Vinha por exemplo? O que esse governo tem feito para os agricultores de Calhau? Da zona de Pedro Verde? Ribeira Julião? Pouco ou nada. É preciso que o governo dê mais atenção aos agricultores, criar condições para que possam ter acesso a financiamento, capacidade de combater pragas, quer em São Vicente, Santo Antão, em todas as ilhas de Cabo Verde”, advogou.

Por sua vez, o MpD, representado pelo deputado Alcides de Pina, asseverou que apesar do período de seca prolongado os sectores agrícola e ambiental atravessam um bom momento e que as medidas adoptadas fazem parte desse sucesso.

Como exemplo, Alcides de Pina apontou que nos últimos anos têm-se registado investimentos significativos destinados ao reforço e melhoramento das infraestruturas agrícolas; investimento na modernização das actividades agrícolas que beneficiaram mais 32 mil criadores e 79 mil agricultores e aposta na modernização do sector através de um sistema de incentivos eficaz e atractivo.

“Temos a destacar especificamente no domínio da agricultura o incremento do sistema de rega gota-gota passou de 27% em 2016 para 41% em 2019; Implementação de 99 Sistemas de bombagem com energia solar em todos municípios do país; A Construção da Adega provisória de vinho de Chã das Caldeiras”, enumerou.

No domínio da mobilização de água e saneamento, o deputado do MpD citou a criação da empresa Água de Rega; a mobilização de mais de 18 milhões de metros cúbicos de água subterrânea para rega em 2019; Instalação de dessalinização de 1.200 metros cúbicos/dia em Rª da Barca e adução à Assomada, entre outros.

“São esses investimentos oportunamente executados que nos permitem superar a situação de falta de chuva que nos tem apoquentado. É verdade que muitos dirão, é pouco, é preciso mais. Nós somos os primeiros a reconhecer tal facto. Por isso queremos fazer sempre mais e melhor nesse domínio em particular e pelo sector agrícola e pelos agricultores”, garantiu.

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Autoria:Sheilla Ribeiro,10 mar 2021 15:02

Editado porSheilla Ribeiro  em  9 dez 2021 23:21

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