Qualidade de ensino “deixa muito a desejar”. E a culpa é do sistema

PorSara Almeida,22 abr 2023 8:49

Para lá dos salários e progressão na carreira, há todo um conjunto de questões que preocupam sindicatos e professores e que afectam a qualidade do ensino em Cabo Verde. Apesar de algumas melhorias apontadas, o ensino “não está bem”, reconhecem, e falam dos factores que contribuem para a degradação da qualidade e do sucesso educativo. Entre os mais consensuais estão a falta de bases, nomeadamente, na Língua Portuguesa, que impacta todo o percurso escolar dos alunos e as passagens automáticas que arrastam os problemas. “O ministério está mais preocupado com os números”, acusam. Frequentes reformas, novas directivas constantes e falta de autonomia dos professores, bem como parca educação familiar também são notados como elementos que prejudicam a almejada qualidade.

É incontornável. Não sendo o principal problema quando se fala em qualidade de ensino em Cabo Verde, nem o foco da análise pretendida, a verdade é que o seu impacto é grande. A profissão de professor não é dignificada, a desmotivação é grande. Comecemos por aí.

A questão dos salários, das progressões e requalificações preocupa todos os docentes.

Lígia Herbert, presidente do Sindicato Democrático dos Professores (Sindprof), deslocou-se na semana passada ao interior de Santiago para auscultar a comunidade educativa. Foi de lá que nos falou.

“Temos de falar da qualidade, da pedagogia de ensino”, advoga, mas as queixas dos professores com quem esteve começam e retornam sempre às pendências que se perpetuam.

“É uma classe que está um bocado desmotivada”, observa.

Houve, reconhece a sindicalista, uma melhoria nas estruturas físicas, por exemplo, na construção das escolas. “Evoluímos muito”, mas, sublinha, não há qualidade de ensino se o foco for só esse e se “esquecer a pessoa humana. Primeiro, é o professor porque não importa onde leccione, a motivação que tem para o fazer” é o mais importante.

A situação é, por vezes, absurda. “não faz sentido um professor ter 10/15 anos de serviço e ainda não ser do quadro”. Há imensas pendências. Não atribuição de subsídio por não redução de carga horária. Lentidão nas requalificações. Carreiras congeladas…

“Os professores estão desmotivados”, reconhece também Jorge Cardoso, presidente do Sindicato Nacional dos Professores (Sindep), apontando os mesmos motivos e falando, por isso, em “uma certa degradação do ensino do ponto de vista sindical”.

E as mesmas queixas, relatam-nas, anonimamente, também os professores em primeira pessoa ou por solidariedade.

“Há oito anos que pertenço ao Ministério da Educação e nunca progredi na carreira”, conta uma professora. “Não é o meu caso, mas tenho colegas que ganham 21 contos. Como pagar renda, água, electricidade... O sistema desmotiva”, acrescenta.

Esses precários salários levam, entretanto, a um outro fenómeno que é recorrente. Vários professores desdobram-se em “biscates”.

“Eu dou explicações em horário contrário ao das aulas para poder ter um pouco mais de rendimento e pagar as contas”, conta uma outra professora. “Muitas colegas minhas o fazem”.

E se algumas vezes dão explicações, outras fazem actividades sem qualquer ligação à sua área profissional, para conseguir compor o salários. Como um professor que diz conduzir uma hiace nas horas “vagas”. “É cansativo? É, mas o salário não chega…”

Mas nem por isso, garantem, deixam de tentar fazer o melhor que podem, com o que podem, para dar a melhor educação aos seus alunos. Não depende só deles, salvaguardam. O sistema não ajuda.

Reprovações

Um descontentamento referido por praticamente toda a classe é o sistema de reprovações.

“A qualidade está como está, porque ‘eles’ não deixam o professor fazer o seu trabalho de sala de aula”, queixa-se uma professora do 5.º ano, em São Vicente. ‘Eles’, entenda-se, são o pessoal que trabalha nos gabinetes do ministério da Educação e restante hierarquia decisora.

“Por mais que queiramos fazer um bom trabalho, chega o final do ano lectivo, e ‘eles’ vêm com aquela história do caderno de orientações, mudam algumas coisas, mandam outros elementos para avaliação, e de repente aqueles meninos que deveriam chumbar estão a passar”.

Entre o 1.º ano e o 4.º não há reprovações. Pode haver retenções, mediante um processo complicado que tem, ademais, que contar com o aval dos pais, mas a passagem é automática. Depois, do 5.º para o 6.º é a mesma coisa, e no final do 6.º ano, “podem ter 4, 5 negativas, desde que tenham positiva a Língua Portuguesa e Matemática. Vão assim para o Liceu”. Aí chegados, os professores queixam-se do “estado” em que estão. “Mandam bocas, mas não somos nós. Não é falta de exigência dos professores, é o sistema…”, lamenta esta professora.

Alunos com esse nível, obviamente, não vão ter o rendimento escolar esperado. Além disso, irão constranger o avanço da aprendizagem dos outros alunos da turma.

“Na minha opinião, a qualidade de ensino em Cabo Verde vai de mal a pior”, desabafa, igualmente, um professor que lecciona na Boa Vista. De acordo com o mesmo, o problema não tem a ver com recursos humanos – “até estamos bem servidos” na ilha e a “dar o nosso melhor” – mas com a obsessão do Ministério com os números.

Também ele refere a facilidade nas passagens, destacando os seus impactos.

“A qualidade de ensino deixa muito desejar e a prova disso é que há muitos alunos no 7.º ano que não sabem sequer ler ou escrever”, observa.

São alunos, portanto, que têm dificuldades desde a base, sem que se tenham conseguido resolver as mesmas.

“O que o ministério pretende é que, de facto, ninguém reprove”, corrobora, o líder do Sindep, Jorge Cardoso.

“Não alinhamos, nesta linha, com as políticas no Ministério da Educação, ou seja, dos responsáveis do ministério da educação”.

O problema, aliás, não se prende apenas com as reprovações, mas com toda a questão da avaliação. “O Ministério da Educação preocupa-se mais com a avaliação do que o próprio ensino aprendizagem. Há cada vez mais elementos para a avaliação. Um professor terá de ter 6 elementos de avaliação em cada trimestre do mesmo aluno”, aponta o sindicalista.

Na mesma linha, a representante do Sindprof, Lígia Herbert, considera que não há facilitismo ou falta de exigência nas avaliações. “O que acho é que há muitas formas de avaliação. É trabalho prático, é trabalho individual, trabalho de casa, é EA, é… o aluno também fica cansado, e isso pode trazer consequências. Não tem tempo para digerir tudo”.

Quanto aos professores, “todo o mundo está preocupado com os objectivos para cumprir”, com as diferentes provas e afins, colocando o foco nisso e não no principal que é o que o aluno, de facto, aprende e lhe fica para a vida.

“Não vale a pena termos 100% de positivas quando depois temos alunos com problemas no ensino superior: não conseguem comunicar, tem problemas vários de interpretação. Houve tempos em que o aluno, quando chegava à universidade sabia analisar, pensar. É preciso que os professores comecem a ver no ensino básico e secundário que o aluno deve pensar, deve ter opinião...”

E “é preciso que os professores saibam que os alunos são todos diferentes e a metodologia, quando não se adapta a um aluno, tem de ser mudada porque é isso que faz com que a aprendizagem seja produtiva”, acrescenta.

É preciso tudo isso, e também menos burocracia para que tal seja possível. “Exigem muitas coisas do professor”, queixa-se um outro docente. “Hoje ensinar é um desafio, quanto mais não seja por causa do comportamento dos alunos – o professor passa mais tempo a chamar os alunos à atenção do que a explorar a matéria propriamente dita. Devemos prestar contas, claro, mas é preciso ver o que é realmente necessário”.

Entretanto, há uma outra questão que Lígia Herbert destaca: as formações e capacitações aos professores. Estas são, considera, por vezes excessivas e aleatórias.

“O professor deve ter uma capacitação daquilo que precisa mesmo para o seu desempenho” e pela qual se interesse. Formações que façam desenvolver o sistema educativo e não uma profusão de capacitações que não têm qualquer impacto e sobrecarregam os docentes.

Língua Portuguesa

“Quem está no terreno passa mal”, lamenta a já citada professora de São Vicente. “Há meninos que escrevem tão mal que me dá vontade de bater com a cabeça na parede. Só não o faço porque tenho os filhos para criar”, ironiza.

“Caem no 5.º ano de paraquedas. A minha filha que está no 2.º tem melhor raciocínio do que eles. Já lê e escreve melhor. Fico triste, é um trabalho que a gente não pode fazer porque é um trabalho de alfabetização que já deveria ter sido feito”.

Mas um problema que vários outros professores levantam, mais do que alfabetização, é o fraco domínio da Língua Portuguesa por parte dos alunos (e até de alguns professores), o que tem impacto também na qualidade de ensino.

“É um calcanhar de Aquiles” do ensino em Cabo Verde, considera um professor de Língua Portuguesa, que está a leccionar no 6.º ano. Os alunos não sabem interpretar, têm muita dificuldade em analisar textos, em escrever, em falar… e mais uma vez a questão das reprovações vem à tona: “Isto, sublinho, é culpa do Ministério da Educação porque os alunos desde o 1.º ano transitam automaticamente e o professor não tem nenhuma legitimidade e autoridade reter o aluno. Acho que essa questão deve ser revista”.

Mas voltando à questão da língua em concreto. Lígia Herbert, do Sindprof, é fonóloga e professora de Língua Portuguesa há 25 anos, destaca, a responsabilidade, no que toca ao bom domínio da língua não deve ser delegada apenas aos professores de LP, devendo ser um trabalho conjunto.

E um problema que se coloca no ensino desta língua, considera, é que se dá se se coloca todo o foco na escrita, descurando a oralidade, o que prejudica a comunicação.

“Há dificuldades na comunicação, e o que os alunos fazem? Vão tentando apoiar-se no crioulo como muleta para tentar comunicar”.

Assim, defende, “é preciso trabalhar 50% oralidade e 50% escrita, mas é preciso também que o professor saiba que cada aluno é um aluno, cada aluno voa do jeito que consegue, as asas não são todas iguais”.

“Teatro, comunicação, declamações, tudo isso ajuda a evolução da LP”, sugere.

Quanto ao domínio do português por parte dos professores, é obrigação das universidades trabalhar a formação dos professores nesse sentido, diz, sem responder à questão: Os professores têm bom domínio da língua?

De qualquer forma, a língua não será a raiz de todos os problemas. “Eu não acredito que seja por causa da LP que os meninos estão a ter insucesso nos conteúdos”, diz.

Se o aluno não sabe fazer contas, ou não conhece as fórmulas, ou não sabe resolver uma equação o problema será outro considera. “O buraco é bem mais fundo”.

Também Jorge Cardoso, do Sindep, reconhece problemas com o domínio da língua portuguesa. É uma queixa recorrente dos professores em relação aos alunos, em todos os graus de ensino, incluindo os universitários, e que se prolonga até ao fim do curso.

No entender deste sindicalista o problema está na base. “Enquanto o governo não assumir principalmente o pré-escolar, de base”, como fundamental, “isso não ficará resolvido”, observa.

Por outro lado, a instabilidade dos programas também não ajuda a um ensino consistente.

“É reforma [educativa] sobre reforma. Sem nenhum resultado concreto já se está a fazer uma nova. Tantas, que nem nós professores entendemos o que é que o Ministério da Educação pretende com o ensino em Cabo Verde”.

Reforma

Entretanto, está em curso, como se sabe, uma reforma educativa total que vai abranger todos os anos de escolaridade, até ao 12.º. A reforma é gradual, já abrangeu todo o ensino básico e este ano está-se a trabalhar a reforma do currículo do 10.º ano. A reforma trouxe manuais escolares, a aposta nas línguas estrangeiras e nas TIC, entre outros e juntamente com outras reformas e projectos no sector educativo, vai elevar a qualidade do ensino em Cabo Verde. Pelo menos assim garante o governo.

Mas no terreno há algum cepticismo.

O país tem assistido a demasiadas reformas, como referiu Jorge Cardoso, e todos os outros entrevistados corroboram.

“Estamos a fazer reforma em cima de reforma, é reforma que não acaba”, diz também Lígia Herbert. Perante tanta mudança o “próprio professor fica desorientado e o aluno, pior ainda”.

A sindicalista é, aliás, peremptória: A reforma educativa a que estamos a assistir não vai funcionar.

“O problema não está na reforma”, continua. “É preciso uma análise profunda e ver que a questão não é intergeracional, é transcendental”.

As reformas, inclusive, trazem mudanças que o país não consegue acompanhar. Por exemplo, como dar devidamente aulas de informática se faltam computadores?

Os professores são menos radicais. Como ainda estamos numa fase experimental consideram que é preciso dar tempo ao tempo para ver os efeitos que irá surtir.

A nível dos novos conteúdos curriculares, em particular, dizem ser “satisfatórios”, apesar de algumas repetições.

Diálogo

Seja em que domínio for, inclusive nas reformas e orientações, o diálogo entre gabinetes e o terreno poderia melhorar, salientam todos.

Há alguma concertação com o Ministério, mas as opiniões da escola muitas vezes não são tidas em conta, aponta um professor que está na direcção de um liceu. Há inclusive algum choque. “Muitas vezes sugerimos algumas coisas que acham descabidas, mas eles não conhecem a realidade e tomam decisões” que não servem o município.

“Eles encontram-se com os coordenadores, fazem um levantamento”, mas depois, quando saem as decisões “nada a ver…”, conta uma outra professora.

O diálogo não é, pois, feito “da forma que deve ser feito”, considera também Lígia Herbert, que aponta igualmente a falta de conhecimento do terreno por parte dos professores que trabalham nos gabinetes de decisão.

Assim, defende, “é preciso maior diálogo, mas não é com os gestores, nem com os directores de agrupamento. É com os professores mesmo”, que podem ter posicionamento diferente dos coordenadores.

“O ME toma as suas decisões ouvindo apenas os seus dirigentes, os professores não são tidos nem achados, nem nós enquanto representantes legítimos. Fingem que estão a fazer a socialização, mas é com as medidas já tomadas. Não há uma participação activa por parte dos professores nem dos seus representantes”, critica, por seu turno, Jorge Cardoso.

Um caso decidido pelo governo há uns anos e que continua a valer bastantes críticas de algumas partes “do terreno” prende-se com a estruturação organizacional das escolas por Agrupamento.

Há locais em que funciona, reconhecem alguns professores, salientando que em muitos outros sítios não. Depende das distâncias, orografia, da maneira como os agrupamentos trabalham…

Da parte dos sindicatos não dúvidas: é um mau sistema. Ambos os sindicatos são contra.

“Devemos pensar na educação, mas educação centrada no aluno. Quando se desgarra um aluno do seu espaço, estamos a criar problemas, sim, de adaptação, de aprendizagem, de tudo”, considera Lígia Herbert.

“Em outras paragens não funcionou e até já foi desfeito”, aponta. “Agrupar escolas onde a sede é o liceu a que as outras escolas satélites ficam agrupadas”, trouxe problemas de material e outros, “porque a gestão também se torna deficitária”.

Assim, defende que é “preciso rever a situação, porque o agrupamento, para o sindprof, fez regredir o sistema educativo. Tínhamos uma rede educativa de escolas com gestores e acreditámos que ali os miúdos estavam mais evoluídos a nível de conhecimento”.

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Também o sindep tem ouvido queixas deste estilo de gestão escolar. “Aquilo que vinha sendo feito era a aproximação do ensino à comunidade e está-se a fazer completamente o contrário. Os professores não estão de acordo, e não foram tidos nem achados” nesta decisão, diz Jorge Cardoso.

50% do sucesso

Para além das salas de aulas e das decisões da Educação, há toda uma série de factores que constroem a qualidade de ensino e o sucesso educativo. E dentro de todos esses factores, em relevo estão, claro, os pais e encarregados de educação.

“É preciso que os pais saibam que 50% do sucesso do seu filho depende deles. Os pais não podem delegar toda a responsabilidade aos professores”, sublinha Lígia Herbert.

Também Jorge Cardoso realça a importância do acompanhamento.

“Se não há essa colaboração por parte dos familiares, de toda a sociedade, é claro que isso dificulta o ensino aprendizagem e toda a educação no geral”.

O sindicalista atribui grande parte dessa falta de apoio às dificuldades da sociedade: “a diferença social, falta de emprego, falta de tudo.”

“Temos exemplos de mães que saem de casa de manhã, para ir ganhar o pão, e só regressam à noite”. Não conseguem transmitir valores, como o respeito, “não conseguem fazer a educação caseira”, nem acompanhamento escolar.

Mas para alguns professores, cansados de chamar os pais à escola, isso não passa de uma desculpa. “Quem quer acompanhar os filhos sempre arranja tempo, nem que seja de vez em quando, para vir à escola. Todos trabalhamos e as mães que estão na venda informal, por exemplo, até têm maior facilidade de horário pois trabalham por conta própria”, reclama uma professora do EBI, na Praia. “Podem até ter maiores dificuldades de acompanhamento dos estudos, de ensinar em casa, mas podem vir à escola…”

O professor da Boa Vista, por seu turno, refere que mesmo que não apareçam sempre, “de uma forma geral os pais têm estado presentes”. Porém, não há muito acompanhamento em casa. “Os pais normalmente trabalham nos hotéis, chegam cansados e nota-se nitidamente que em casa não apoiam quase nada”.

“A falha maior está nos pais”, observa também uma professora em São Vicente. “Chamamos porque aconteceu algo ao filho, não vêm”. E muitas vezes quando vão são mal-educados com os professores, e até ameaçadores.mEm casa o descaso também é total. “Há crianças que nem abrem a mochila quando chegam a casa. É descaso dos pais, mesmo. E não se pode dizer a uma criança de 10 anos que deve ser ela a ter responsabilidade. Não tem idade”.

Mas, a educação passa também por toda a sociedade e embora esta ainda seja vista como algo importante na sociedade cabo-verdiana, as crianças olham cada vez mais outros modelos.

“Brigo a toda a hora com os meus alunos porque se nota claramente um desleixo muito grande, um desinteresse. Querem ser jogadores de futebol, youtubers, tik tokers e por aí adiante. Acho que essas novas tecnologias estão a atrapalhar muito o ensino”. Sucesso “fácil”, sem estudo.

Entretanto, um pouco por todo o país, são muitos os pais que recorrem a explicações e centros para apoio aos estudos. Porém, como realça uma professora, muitos outros há que não conseguem pagar. “Eu diria que a maioria não consegue dispor 1.500/2.000 escudos por mês. Aqueles que normalmente mais precisam são os que não têm acesso”, lamenta.

São também os que mais ficaram para trás na altura da covid, por falta de acompanhamento. Quanto às medidas tomadas para a recuperação de conteúdos, a maior parte dos entrevistados, incluindo os sindicatos, considera que não foram eficientes. Houve um nivelamento por baixo, uma certa sobrecarga no “despejar” de conteúdos que pouco abona à verdadeira aquisição de conhecimento. E mais uma vez a desigualdade. Os alunos que têm apoio conseguem recuperar. Os outros, mais dificilmente. Mas agora que a “engrenagem” começou a funcionar, o tempo perdido pode ser recuperado, considera uma parte dos professores.

Ao nível dos melhores?

Mas, então, e a qualidade?

O objectivo do governo é alinhar a qualidade do ensino em Cabo Verde com a dos países mais desenvolvidos.

De pés mais fincados no terreno, o caminho para aí chegar ainda é longo, dizem os professores.

“Na minha modesta opinião, estão a ser ousados demais porque há muita coisa para ser feita na base. Só depois pensar algo maior”, explicita um professor. E atingir isso não passa só pela escola. É todo o sistema, toda a sociedade. “Obviamente”. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1116 de 19 de Abril de 2023.

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Autoria:Sara Almeida,22 abr 2023 8:49

Editado porAntónio Monteiro  em  16 jan 2024 23:28

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