O partido no poder, através da deputada Filomena Gonçalves, diz que o maior partido da oposição está a politizar a situação.
“Reafirmamos que, de facto, a tendência é partidarizar e avanço com exemplos: na semana passada, o país ouviu, em primeira-mão, o anúncio de mais um caso de desaparecimento e assistiu à presidente do partido [PAICV] a falar que tinha desaparecido mais uma pessoa. Entretanto, quando a adolescente apareceu ouvimos silêncio total. Isso não é partidarização?”, questiona.
“A matéria é tão sensível e não deve ser partidarizada”, acrescenta.
O PAICV reagiu de imediato, ao abrigo do 114. A parlamentar Ana Paula Moeda fala em tentativa de silenciamento do seu partido.
“Eu queria manifestar o meu desagrado e o facto de eu me ter sentido ofendida, porque todas as vezes que a gente toca na questão (...) vocês vêm com questões que se prendem com a politização. Reparem, todas as desgraças, algum problema mais crítico que acontece na sociedade, nós não podemos aqui falar. Querem silenciar-nos. Ninguém nos silencia”, diz.
A UCID pede ao Governo que crie condições para que situações de desaparecimento de pessoas não se repitam. O deputado António Monteiro diz que o caso é grave.
“Lançamos um apelo ao Governo para que crie as condições, e se nós não tivermos condições internas, para que procure nos nossos parceiros as condições necessárias para o efeito. Vamos agir com serenidade, pois o caso é grave”, defende.
A intervenção dos parlamentares foi feita esta manhã, no arranque da sessão parlamentar de Março, durante o período antes da ordem do dia.
Recorde-se que, desde Novembro, três crianças desapareceram de bairros periféricos da cidade da Praia. Duas crianças, de 11 e 9 anos, estão com paradeiro desconhecido desde 3 de Fevereiro. Edvanea Gonçalves, de 10 anos, residente no bairro Eugénio Lima, está desaparecida desde Novembro do ano passado.
Há ainda o caso de uma jovem de 19 anos que terá desaparecido de casa com um bebé recém-nascido, em Agosto de 2017, também na capital.