O parlamentar da maioria considera que a melhoria da posição do país no ranking terá impacto na mobilização de mais investimento directo estrangeiro, no aprofundamento das relações e na projecção do arquipélago no mundo.
“Hoje, com certeza, estamos perante resultados advenientes de uma nova modalidade de exercício do poder, protagonizado por este Governo, com o erário a ser gerido com total transparência. O reconhecimento ora alcançado representa um bem intangível de considerável relevância. Em atenção à importância que se reveste seja, por exemplo, na mobilização de mais investimento directo estrangeiro, seja no aprofundamento e consolidação das nossas relações com os parceiros internacionais, e na promoção da imagem de Cabo verde no mundo”, entende.
Ao falar numa declaração política, o parlamentar da maioria disse que o Governo está empenhado no combate à corrupção, nomeadamente na eventual responsabilização política e criminal, bem como na criação de melhores condições para o controlo e fiscalização do erário público.
Emanuel Barbosa aponta como exemplo as auditorias realizadas a diferentes instituições, quando o Governo entrou em funções, além do reforço do papel do Tribunal de Contas e da Agência Reguladora das Aquisições Públicas. Neste sentido, acusa a oposição de não reconhecer os feitos, e de colocar em causa a imagem do país.
“Por que razão, uma certa oposição, estando sempre em contra-mão, ao invés de celebrar este importante ganho do país, lança gratuitamente opróbrios de intransparência do Governo na gestão da coisa pública e irresponsavelmente coloca em cheque a imagem e o bom nome do país e dos seus dirigentes?”, questiona.
A reacção do PAICV não se fez esperar. Pela voz da deputada Filomena Martins, o maior partido da oposição apresenta uma visão completamente diferente, e aponta vários casos que, na sua óptica, contribuam para o aumento da corrupção no país.
“Durante os dois últimos anos da governação do MpD o ranking da corrupção só tem aumentado em Cabo Verde. O que aconteceu este ano é que houve uma ligeira melhoria em relação ao ano passado da governação do MpD. Mas também não poderia ser de outra forma, com a inexistência de concursos públicos, com o sufoco que se quer fazer a vários institutos, nomeadamente ARAP, com o escândalo dos lacticínios e derivados, com o cerceamento que se quer fazer a liberdade da comunicação social, com a tentativa de silenciar as instituições para não fornecer informações à oposição, o concurso dos transportes marítimos e por ai fora, como é que o índice de corrupção não havia de aumentar?”, questiona.
Do lado da UCID, o deputado João Santos Luís diz que Cabo Verde deve ser comparado com os países menos corruptos. O parlamentar desafia o executivo a apurar o índice de corrupção interno, através de inspecções às Câmaras Municipais e ao próprio Governo.
“Internamente, nós queremos saber e desafiamos mais uma vez o Governo a fazer uma sindicância a todas as Câmaras Municipais e a todos aos institutos públicos. O parlamento quer saber qual é o índice de corrupção aqui dentro, e não comparado com países estrangeiros”, diz.
A posição dos parlamentares surge em reacção à melhor posição do arquipélago no ranking elaborado pela Transparência Internacional, divulgado na terça-feira. O arquipélago é o terceiro país mais bem classificado na África Subsaariana, a seguir às Seicheles e ao Botsuana, e o 47º a nível mundial, num universo de 180 países e territórios. Cabo Verde obteve 57 pontos, mais dois que em 2017, o que lhe valeu uma subida de três lugares.