Em entrevista à Rádio Morabeza, Jorge Carlos Fonseca no balanço da visita que fez não só à cidade do planalto como às outras localidades do concelho constatou que, apesar de algumas melhorias em relação à última visita feita em 2017, há ainda muito por fazer.
“Encontrei uma cidade mais bonita, mais cuidada e se fizer o balanço das visitas e dos contactos com as populações diria que vi uma dinâmica de crescimento interessante que eu poderia exemplificar pela requalificação da orla de Ribeira da Barca que criou melhores condições para a população local”, começou por relatar o Presidente da República.
No entanto, há situações que persistem. “Também me dei conta de problemas que continuam. Visitei as localidades de Saltos e depois João Dias e lembro-me que antes da minha primeira visita, em 2017, tinham posto o problema da estrada estar em muito más condições e, hoje, a reivindicação principal continua a ser a estrada”. O mesmo acontece com as habitações degradadas. “Evidentemente que há trabalhos de qualificação das habitações mas continuam as exigências em termos de habitação”.
Potencial por explorar
“Este é um município com muitas potencialidades, com recursos”, reconheceu Jorge Carlos Fonseca nesta entrevista. No entanto, a dispersão populacional é grande. O concelho de Santa Catarina “tem 56 localidades dispersas. Basta ver, por exemplo, que depois de Assomada, Ribeira da Barca é o segundo povoado mais populoso e tem cerca de três mil habitantes, o que quer dizer que o resto da população se reparte por dezenas de localidades muito dispersas e de difícil acesso, o que torna mais complexa a solução dos problemas de abastecimento de água, de energia, de construção de infraestruturas escolares ou desportivas”.
Apesar disso, refere, “há um trabalho que está feito, mas há muito trabalho a fazer para desencravar localidades, para melhorar o acesso à água. Tudo para que o município possa competir com outros municípios de Cabo Verde”.
Soluções
As soluções para os problemas que afectam Santa Catarina passam, defendeu Jorge Carlos Fonseca, pela cooperação entre o governo e a autarquia local. “Há soluções que são municipais e outras que são governamentais”, explica. “Por exemplo, quando se põe o problema das estradas isso implica grandes investimentos e tem de ser uma solução procurada pelo governo eventualmente com financiamento externo e, eventualmente, há um papel que é das câmaras municipais que é um papel de articulação, de informação e, de certa maneira, de pressão. Aqui em Santa Catarina há muita exigência de estradas e eu percebo que havendo exigência de estradas o governo com os recursos que tem disponíveis para cada ano tem de estabelecer prioridades. Ou seja, se o governo financia uma estrada que vai de Assomada a Ribeira de Engenhos e que custa mais de 300 mil contos e se financia mais duas estradas não pode financiar as outras. Depois há pequenas coisas que podem ser feitas com recursos municipais. Pequenas reparações numa escola, uma placa desportiva, e aí o município pode mobilizar recursos próprios ou através da cooperação internacional descentralizada”.
Próximo das pessoas
Durante a visita, Jorge Carlos Fonseca, em declarações à Inforpress, garantiu que vai continuar a ser “um Presidente junto das pessoas” até o final do seu segundo mandato em 2021 assim como procurou sê-lo desde o primeiro momento.
“Há pessoas que dizem que só tenho dois anos. Eu digo ainda tenho dois anos [de mandato] é muito tempo, e, portanto, vou continuar a exercer a minha função de acordo com a Constituição, com a mesma determinação, o mesmo empenho, com a mesma paixão, sempre utilizando um critério junto das pessoas (…) para que eu possa conhecer seus problemas”, começou por dizer o chefe de Estado.
Jorge Carlos Fonseca deu essa garantia em declarações à imprensa, no final da sua visita de dois dias ao município de Santa Catarina, no interior de Santiago, onde manteve contacto com populações de sete localidades.
No seu entender, é muito diferente conhecer os problemas das pessoas através dos relatórios oficiais e reuniões de trabalho com os responsáveis políticos e municipais, ou através de imprensa, do que dialogar directamente com elas.
“Dialogando com o senhor Manuel em João Dias, com Nha Fica em Figueira das Naus, com os jovens e agricultores, digamos que são dados mais directos e mais autênticos. E claro que depois temos que fazer o balanço de tudo”, defendeu.
Aliás, lembrou que o papel do Presidente da República é estimular as autoridades municipais, potenciar a auto-estima das pessoas e transmitir-lhes esperança. “
(…) Cabo Verde é um país com futuro, com uma democracia forte e que já é sólida, contrariamente ao que muitos pensam.
Naturalmente que não é perfeita e temos que aperfeiçoá-la cada dia mais, mas é um país que tem muitas dificuldades e muitos desafios, mas devemos ter a confiança no futuro”, disse.
“(…) Tenho muito orgulho de ser Presidente de um país como Cabo Verde e repito: é o melhor país do mundo”, exteriorizou o mais alto magistrado da Nação.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 936 de 06 de Novembro de 2019.