A deputada do nacional e presidente do PAICV, Janira Hopffer Almada, disse hoje no Parlamento que os quatro anos em que o MpD esteve no Governo terão sido uma “oportunidade perdida” para se fazer uma abordagem “muito mais inteligente, ousada e estratégica” dos impactos das mudanças climáticas e das secas, “cada vez mais frequentes e severas”.
“Terão sido uma oportunidade que o Governo não aproveitou para promover a mudança da gestão das crises, resultantes das secas, e para implementar um ambicioso programa para, globalmente, fazer face às mudanças climáticas, aliás dentro dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável definidos pelas Nações Unidas”, disse Janira Almada no seu discurso de abertura do debate com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.
Para Janira Hopffer Almada, “não é razoável” que o Governo, por causa desta Pandemia, “tente mudar a realidade das coisas e justificar tudo o que não fez nestes últimos quatro anos, quando os ventos estavam calmos e bastante favoráveis”.
“Naturalmente que todos nós estamos cientes que o país teve de enfrentar três anos de seca consecutiva. Mas, também, todos nos recordamos da sua vinda ao Parlamento, em finais de 2017, para anunciar, com pompa e circunstância, que tinha conseguido mobilizar mais de 1 milhão de contos, para o Plano de Mitigação da Seca”, relembrou.
Prosseguindo o seu discurso com questionamentos, Janira Almada perguntou ao primeiro-ministro, com esses 1 milhão e cem mil contos, quantos agricultores foram, de facto, apoiados, assim como quantos criadores de gado conseguiram salvar o seu gado e também quantos empregos foram gerados para garantir algum rendimento às famílias do mundo rural.
Por seu turno, António Monteiro, da UCID, pediu que o Governo repense a política para o meio rural, por forma a permitir que as pessoas tenham acesso ao rendimento.
Este deputado eleito pelo círculo eleitoral de São Vicente, disse ainda que malgrado o Governo ter vindo a gastar“muitos” milhões de contos nas zonas rurais, a situação ainda “não foi resolvida”.
Olhando para esta situação de pandemia, António Monteiro afirmou que muitas famílias “não conseguiram ter rendimentos prometidos de ajuda financeira”, tendo apenas recebido as cestas básicas.
“Gostaríamos neste debate que o primeiro-ministro dissesse de forma clara quando é que estas pessoas irão ter este apoio financeiro importante para ajudar as famílias”, referiu.
Entretanto, a líder da bancada do Movimento para a Democracia (MpD), defendeu que o programa da mitigação da seca e do mau ano agrícola teve impacto positivo na criação de emprego no mundo rural, no rendimento das famílias, nas infra-estruturas e na mobilização de água.
Joana Rosa afirmou ainda que se não fosse os três anos de seca e a crise causada pelo novo coronavírus, os resultados das políticas governamentais para o mundo rural, seriam bem melhores.
Isto porque, advogou, o Governo está a construir e a implementar respostas para tornar o país mais resiliente e menos vulnerável, em estreita parceria com os municípios.
“Nesta ordem de pensamento, o governo assumiu para a presente legislatura muitos compromissos para o desenvolvimento rural dos quais se destacam: elevar a qualidade de vida e o bem-estar aos cidadãos e às famílias que vivem no campo; modernizar a agricultura, transformando-a num sector de exportação; diminuir a dependência alimentar; organizar, unificar e qualificar o mercado agrícola nacional para o abastecimento aos centros urbanos nacionais e empreendimentos turísticos e para a exportação”, discursou.
Ainda nas suas declarações, a líder da bancada que sustenta o governo afirmou que “várias medidas de mitigação” continuarão a ser anunciadas e executadas, para que as famílias possam continuar a viver com dignidade, para que se possa combater a pobreza e a pobreza extrema, mesmo em momentos de uma crise profunda como esta que o país e o mundo estão a atravessar.