As posições do PAICV e do MPD foram hoje manifestadas na abertura do debate mensal na Assembleia Nacional com o Primeiro-Ministro, que, desta vez, versou sobre as medidas emergenciais pós estado de emergência para as famílias e empresas.
Janira Hopffer Almada, em nome no PAICV, afirmou que este é o momento em que todos se devem libertar de tacticismos políticos, para se concentrar nos interesses de Cabo Verde que, conforme disse, “clama de todos os seus filhos o juntar de esforços para se encontrar os melhores caminhos” que conduzam a uma vitória sobre os grandes obstáculos que a crise está a impor ao país.
“O PAICV cedo entendeu isso e é por este facto que tem adoptado uma postura de compreensão e de não confrontação política, nesta fase de emergência sanitária, de anormalidade económica e de desestruturação das bases que suportam a estabilidade social e familiar”, prosseguiu a parlamentar, completando que a disponibilidade do PAICV em colaborar “se traduziu em acções e em propostas”.
A disponibilidade do PAICV foi, segundo a sua presidente, demonstrada, igualmente, pelo seu “apoio inequívoco”, às medidas que foram levadas ao Parlamento, para fazer face à crise.
“O PAICV entendeu que o momento da pandemia, e da declaração do estado de emergência, não era o momento do confronto. Por isso mesmo, nos abstivemos de criticar algumas acções que entendemos que não eram as melhores, durante o estado de emergência”, frisou.
Por isso também, continuou Janira Almada afirmando que o partido que preside evitou apontar o dedo, “mesmo quando havia, claramente, falhas, que demandavam uma análise mais cuidada e a introdução de medidas correctivas”.
“Adoptamos essa via e optamos por essa postura, pela responsabilidade que um partido, com o percurso e a visão do PAICV deve ter em todos os momentos, máxime nos momentos de maiores dificuldades da Nação”, pontuou.
Por seu turno, a líder Parlamentar do MpD, partido que sustenta o Governo, Joana Rosa, afirmou que o país esperou e espera de todos novas atitudes para enfrentar e reduzir, conjuntamente, alguns riscos, tais como do populismo, da demagogia fácil, do trivialismo e da irresponsabilidade política.
A deputada eleita pelo círculo eleitoral do Maio falou ainda no risco da crítica fácil sem alternativas, da manipulação de informações para se ver se será desta, em nome da crise, que se encontra saída para tudo partidarizar, para se criar o espectro da fome, vaticinado por uns, o “desejo expresso” da rotura de produtos nos mercados e supermercados e nas farmácias, bem assim o incentivo a acções que possam pôr em causa a paz social.
“Cada um deve fazer a sua parte para que, enquanto Nação, possamos agir em conjunto e conferirmos esperança às nossas populações. O país não pode parar, não podendo, também, deixar de olhar para o seu futuro e nem pode resignar-se imobilizado às circunstâncias de momento, ou comprimir uma visão de futuro, ou simplesmente deixar de criticar aqueles que na tentativa de se querer ver o mundo de forma diferente, acaba por lateralizar aquilo que é de todos e que a todos devem dizer respeito, emitindo opinião num sentido e agindo no sentido contrário à sua própria opinião”, acrescentou.
Para Joana Rosa, o Governo tem vindo a tomar “medidas inequívocas” com o objectivo de proteger as populações, porque a ameaça é global e local. Aliás, citou que a nível mundial, a pandemia do COVID-19 está a ter um “impacto devastador”, designadamente ao nível das economias dos principais parceiros de desenvolvimento do arquipélago, nos países que acolhem a diáspora cabo-verdiana e nos países emissores de turistas para Cabo Verde.
“O diagnóstico tem sido feito. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) prevê que a economia mundial sofra uma contracção na ordem dos 6% a 8%, no caso de se contiver, hoje, o alastramento da pandemia. A ONU, através do Relatório Mundial de Investimentos, prevê que os fluxos globais de investimentos estrangeiros directos caiam no valor de 1,54 trilhão de dólares, pela primeira vez, desde 2005”, indicou.
Da mesma forma, acrescentou esta deputada do MpD, o mesmo relatório considera uma “acentuada queda” no comércio mundial entre 25 a 40%, apontando o facto desse “novo normal” impactar riscos de aumento da dívida pública e da dívida externa nos países em vias de desenvolvimento, que serão obrigados a recorrer a empréstimos para relançarem a sua economia.
“O nosso país, sendo muito vulnerável a choques externos, vê-se confrontado, com um tipo de desafio, nunca antes vistos, porque profundamente abalado pela paragem das actividades económicas, por causa do coronavírus. Há que dizer: este povo resistente vai saber dar a volta, como deu a volta a todas as crises que, no passado, o afligiu”, defendeu.