Na sua intervenção inicial no debate sobre “Família e inclusão social”, que arrancou hoje no Parlamento, a presidente do maior partido da oposição, Janira Hopffer Almada, aponta o aumento da desigualdade social e má distribuição da riqueza.
“Em Cabo Verde as desigualdades sociais estão a aumentar a olhos vistos. A verdade é que a grande maioria das pessoas não está a sentir o crescimento que se propala. Quem é pobre está a ficar cada vez mais pobre. A riqueza gerada não está a ser distribuída de forma justa e as oportunidades não estão a ser partilhadas para potenciar a redução das desigualdades, e isto tem consequências. As maiores consequências são o clima de insatisfação, o ambiente de instabilidade social, o aumento da criminalidade e o sentimento de impunidade”, entende.
Do lado da UCID, o deputado António Monteiro defende que é preciso fazer muito mais, porque há ainda milhares de famílias a passarem por grandes dificuldades.
“Entendendo que o Governo tem estado a fazer um esforço para minimizar o sofrimento das pessoas, mas ainda o caminho é longo e há muitos assuntos que devem ser resolvidos para darmos às famílias mais felicidade”, defende.
Em contraponto, o MpD diz que desde 2016 que o Governo tem promovido políticas sociais de inclusão para resolver os problemas dos cabo-verdianos. O líder da bancada parlamentar da maioria, Rui Figueiredo Soares, fala em nova atitude no relacionamento entre o Estado e a sociedade em matéria de políticas sociais, “em contraste flagrante com o assistencialismo e o populismo”.
“As áreas abrangidas são vastas. Vão desde a luta contra a pobreza e a promoção da igualdade dos direitos e oportunidades das pessoas portadoras de deficiência, passando pelo desenvolvimento de políticas de família que garantam o acesso aos bens sociais básicos como a saúde, a educação, a água, a energia, a habitação, a alimentação, formação técnico-profissional até a execução de políticas de protecção e inserção social de crianças, adolescentes e idosos, sem esquecer da igualdade de género e da integração dos imigrantes”, realça.
O deputado lembra que o Governo duplicou a pensão de solidariedade com as comunidades cabo-verdianas em São Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique.
Do mesmo modo, Rui Figueiredo Soares refere que o executivo tem estado a garantir, no quadro do Rendimento Social de Inclusão, a transferência financeira directa de 5500 escudos às famílias que vivem situação de pobreza extrema e que têm crianças a seu cuidado.