No arranque do debate com o ministro da Educação, Amadeu Cruz, o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), pela voz da deputada Carla Carvalho, diz que o país ganhou a batalha da massificação do ensino, mas alerta para a problemática da qualidade e da excelência.
“Estamos em 2022, e desde 2016 o Governo está a oferecer uma educação de excelência que ninguém sabe onde está porque o sistema de educação padece de males e as medidas de políticas conhecidas não passam de acções paliativas sem qualquer impacto na reconfiguração estrutural do sector. Quando o Governo afirma que não deixa ninguém para trás, o Governo está literalmente a zombar com os cabo-verdianos. É que este Governo está a deixar o sector da educação para trás em todos os sentidos”, entende.
Do mesmo modo, o PAICV considera que o executivo falhou com o ensino superior, nomeadamente nas questões de acesso e frequência, financiamento, bolsas de estudo e fomento da ciência e da investigação. O maior partido da oposição afirma, igualmente, que o Governo não cumpriu com os professores que, segundo diz, aguardam desde 2016 pelo cumprimento dos compromissos para a resolução de todas as pendências e efectiva implementação dos estatutos da carreira docente.
Do lado da União Cabo-verdiana Independente e Democrática 8UCID), a deputada Zilda Oliveira diz que a qualidade da educação tem diminuído ao longo dos anos, apesar de reconhecer uma maior vinculação de docentes e todos os investimentos feitos.
Os democratas cristãos criticam a forma como está a ser implementada a reforma educativa.
“O currículo e os recursos também são prioritários. Não é desejável, nem podemos normalizar ou relativizar a gravidade do acto de se implementar uma reforma educativa sem programas, sem manuais, sem recursos materiais, onde os professores trabalham apenas com orientações. A mudança é realizada pelas pessoas. As suas satisfações e frustrações desempenham um papel central no sucesso ao insucesso das inovações, das reformas que se querem instituir, pelo que o professor deve estar no centro das preocupações das intervenções de uma reforma”, realça.
Já o Movimento para a Democracia (MpD) destaca várias medidas adoptadas pelo Governo liderado por Ulisses Correia e Silva, nomeadamente a eliminação das propinas até o 12º ano de escolaridade, a subsidiação para o acesso universal e frequência do ensino pré-escolar, o programa de transporte escolar, o reforço de kits escolar e isenção de pagamento de propinas a os estudantes com deficiência em qualquer nível educativo.
Isa Gandira, deputada do partido no poder, destaca a aposta na excelência por parte do Governo.
“A educação de excelência, a qualificação para a empregabilidade e o empreendedorismo dos jovens é uma aposta decisiva do Governo para reduzir, de forma significativa, o número de jovens fora da educação, do emprego ou da formação. Em 2015 o número de jovens fora do sistema era de 68120, correspondente a 32,5%, número que em 2019 baixou para 57060, correspondente a 27,8%”, afirma.
O MpD diz que Cabo Verde possui hoje um ecossistema coerente que integra a qualificação dos jovens para o emprego através do ensino técnico-profissional, formação profissional e estágios profissionais subsidiados.