As posições dos partidos foram manifestadas durante a sessão plenária de hoje num debate com o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia.
Segundo João Baptista Pereira, líder parlamentar do PAICV, a conjuntura económica actual de Cabo Verde é suficientemente elucidativa quanto às dificuldades por que passa a maioria das famílias e empresas cabo-verdianas.
“Essas dificuldades devem-se, em grande medida, às más opções da política económica e social deste Governo, que se tem mostrado rendido a interesses de grupos, porém insensível face aos problemas dos demais cabo-verdianos”, acredita.
Como exemplo, apontou a situação dos transportes aéreos e marítimos, sector que tem passado por períodos de “enorme e inaceitável turbulência”, devido à forma como foram conduzidos os processos de privatização, sem concurso público e com base em cadernos de encargos e contratos que se têm revelados repletos de lacunas e lesivos do interesse público Nacional.
João Baptista Pereira falou ainda da inflação, perda de poder de compra e dificuldade no acesso ao financiamento pela classe empresarial.
Já o deputado da UCID, António Monteiro, afirma que as acções do Governo não estão a chegar de forma directa e objectiva aos empresários, às famílias e aos cidadãos.
Os empresários, prosseguiu, estão com muitos problemas desde financiamento das suas empresas até é possibilidade de receberem e escoarem os seus próprios produtos.
“Ora uma economia que não tem esta valência de transporte quer para receber as matérias-primas em tempo útil, evitando prejuízos, quer para escoar o produto final, nós não podemos dizer que as coisas estão bem. Mas, mesmo para além dos empresários temos as famílias. São mais de 82 mil pessoas, mais de 82 mil cabo-verdianos estão na extrema pobreza, segundo os dados do INE em 2022”, relatou.
MpD
Da bancada do MpD, a deputada Isa Miranda referiu que apesar das secas entre 2016 e 2019, iniciou-se o processo de inversão da tendência do rácio da dívida pública sobre o PIB e que o país obteve pela primeira vez numa década, saldos primários positivos.
Neste período, a taxa de incidência da pobreza baixou de 35,1% para 26%. Mas, segundo Isa Miranda, a crise pandémica e a guerra na Ucrânia causaram choques fortes na oferta na economia global e Cabo Verde, apesar de ter accionado os amortecedores dos choques externos e o carácter periférico da sua economia, teve de sofrer as consequências das perturbações internacionais.
“Tais perturbações constituíram um travão ao processo de mudança no modelo de desenvolvimento que vigorava antes de 2016 e, consequentemente, acabamos por conhecer uma erosão da riqueza perto dos 20% do PIB. E um ritmo de agravamento do desemprego e da pobreza. Esta situação seria mais grave se o Governo não tivesse concebido e executado medidas e políticas de protecção do emprego e do rendimento, quer na administração pública, quer no sector privado, até mesmo aos trabalhadores informais foram garantidos rendimento”, discursou.
Por estas razões, o MpD acredita que é pacífico reconhecer o mérito e a excelência das medidas e das políticas executadas durante as crises que assolaram o país e o mundo e que resta vencer a batalha contra a inflação.
“Mas, aqui devemos estar cientes que o grosso da nossa inflação e muito do nosso desemprego são importados. Vencê-los de forma permanente e definitiva, supõe uma política de fomento, de modernização e diversificação do sector produtivo. É esse o aspecto. O assunto que deve nos preocupar a todos, dado que não podemos continuar a ter um sector produtivo demasiado debilitado”, disse.