Durante o debate, e perante o alerta feito no dia 27 de Julho, pela presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, que disse que a saída da Rússia do acordo de cereais do Mar Negro representa um risco para o aumento dos custos da energia e dos alimentos, o membro da direção nacional do MpD, Benvindo Cruz, referiu que o executivo vai saber adoptar as medidas adequadas.
“Se, de facto o trigo, o milho, o cereal, seja lá o que for, vem da Europa já com uma inflação, o Governo tem que tomar medidas para tentar mitigar este aumento de preço para que as famílias mais pobres e que todos os cabo-verdianos não sofram com isso. De certeza que o Governo já está preparado com alternativas para enfrentar esta situação e apresentar soluções inteligentes ao povo cabo-verdiano”, afirma.
O PAICV entende que a saída da Rússia do acordo de cereais deve ser motivo de preocupação de qualquer Governo. O presidente da Comissão Política Concelhia do partido, em São Vicente, Adilson Graça Jesus, sugere a criação de uma reserva financeira que possa ajudar a combater possíveis aumentos, através da subsidiação dos bens de primeira necessidade.
“Se nós tivermos um novo aumento de preços nestes produtos, vai ser muito mais difícil levar a panela ao lume. Nós temos que criar capacidade para essa proteção. E essa saída da Rússia do acordo dos cereais deve preocupar qualquer governante, mas tenho algum receio perante aquilo que poderá acontecer em Cabo Verde, porque tivemos o aumento exponencial do preço da farinha em que o Governo retirou-se da subsidiação”, refere.
Do lado da UCID, o deputado António Monteiro insiste na necessidade de trabalhar para “preparar o país para ser um celeiro de grãos no Atlântico Médio”, para além da criação de condições internas para diminuir o impacto dos choques externos.
“Porque é que o país não se prepara para ser um depósito, um celeiro de grãos, para termos aqui grandes silos para armazenarmos trigo, centeio, cevada, milho e outros grãos para que possamos ser, no Atlântico Médio, um país para fornecer outros países quando há situações deste tipo que nós estamos a viver agora, para que o país mantenha sempre uma almofada em termos de poder alimentar a sua população. Por outro lado, já é altura de desenvolvermos tecnicamente a nossa agricultura para podermos diminuir o impacto que nós temos, que é bastante negativo, que vem do exterior e que acabam por prejudicar os cabo-verdianos”, defende.
A UCID entende que os anúncios do Governo não chegam às pessoas que realmente precisam do apoio directo do Estado.