Posições expressas pela UCID e pelo PAICV em mais uma edição do programa “Plenário”, espaço de debate político da Rádio Morabeza.Do lado da UCID, o deputado António Monteiro diz ser preciso garantir dignidade e poder de compra a todos os indivíduos.
“A compensação através da inflação seria o primeiro passo para minimizar o impacto desta mesma inflação e o segundo passo seria fazer um estudo com quadros cabo-verdianos. Nós temos quadros aqui que podem fazer estudos, porque temos bons quadros. E se os que não estão aqui não são suficientes, pode-se pedir assessoria do Banco Mundial para nos ajudar. O Governo não faz nenhuma coisa nem outra, não faz um estudo que é para se definir realmente qual deveria ser a base salarial para o país, vai dando aumento de salário mínimo a conta-gotas”, afirma.
António Monteiro acrescenta não ser contra aumentos salariais nas instituições. Considera, contudo, que os aumentos de 17% e 18% para o Governador e administradores do Banco de Cabo Verde não são coerentes, quando o Governo diz que o país não tem condições para incrementos salariais.
“Quando nós temos cabo-verdianos a ganhar 6, 10, 13, 14, 15, 20, 30 contos e cabo-verdianos a ganharem 300 e poucos mil escusos, ainda mesmo assim é-lhes dado aumentos salariais de 17% e 18%, isso só pode significar um desrespeito total pelas famílias cabo-verdianas, acima de tudo aquelas famílias que sofrem muito mais porque não têm rendimento. E aquelas também que continuam a sofrer porque o rendimento que têm é extremamente reduzido, daí é que não há aqui nenhuma altura que possa justificar este aumento”, entende.
Luana Jardim, vice-presidente da Comissão Política Regional do PAICV em São Vicente, avança que o Governo continua a dever uma explicação aos cabo-verdianos, que também precisam de um reajuste salarial.A responsável partidária também defende que são precisos critérios e estudos para determinar os aumentos salariais.
“Sim, podia fazer um estudo, concordo, mas também podia partir exactamente do indicador, o índice preço do consumidor, que está ali, que pode servir perfeitamente do pressuposto para esses aumentos. Repara que a taxa de inflação ronda os 7,8%, porque não partir desse indicador para se chegar a um aumento e justificar com esse indicador este aumento? Mais uma vez, o governo, de forma intransparente, resolve as coisas e depois joga essas questões aos cabo-verdianos para aceitarmos de boca fechada e dizer amém. Não é assim que funciona”, posiciona-se.
Luana Jardim pede a reposição do poder de compra de todos os cabo-verdianos.
“Seria justo que os cabo-verdianos, na função pública, também passassem a usufruir do aumento salarial, que ajudasse a fazer face ao custo de vida, lhe ajudasse também a repor o poder de compra e que esses administradores e governadores também pudessem ir nessa mesma sintonia. Um reajuste salarial igual para todos e não mais para uns que ganham mais e muito menos para aqueles que ganham menos”, defende.
Tanto a UCID como o PAICV defendem uma aposta de forma objectiva na criação de riqueza no país, através da diversificação económica.
O MpD, que também foi convidado, não enviou representante para o debate desta segunda-feira.