Posições expressas na noite de segunda-feira, durante o programa “Plenário”, da Rádio Morabeza. Num debate sobre o Orçamento do Estado para o próximo ano, Adilson Graça, do PAICV, disse não compreender as previsões do Governo e alerta para a perda de poder de compra das famílias.
“Eu considero que o orçamento não é ambicioso, eu acho que o orçamento é irrealista. É irrealista porque o Governo coloca aqui uma previsão de receita com quase 78 milhões de contos, quando nós sabemos que em 2022 as receitas fixaram-se à volta de quase 55 mil contos e nós estamos a falar de um ano em que o país cresceu 17%. Fica difícil perceber esse salto quando nós prevemos um crescimento inferior ao crescimento de 2023 e manifestamente inferior ao crescimento de 2022. Não é verdade que este orçamento é um orçamento de gosto humano. Por exemplo, no agregado de subsídios há uma diminuição no valor de 6,8% e sabe onde é que isso vai chegar? É no fim da subsidiação do arroz, do milho, do trigo e dos bens de primeira necessidade”, aponta.
A UCID, pela voz do deputado António Monteiro, diz-se preocupada com a proposta de orçamento, nomeadamente no que diz respeito à dívida pública, à inflação de 2,8% e aos aumentos salariais.
“isto, do nosso ponto de vista, é extremamente mau. É mau porque não traz a justiça social, não devolve o poder de compra aos cidadãos cabo-verdianos e temos um Governo que apresenta uma cobrança de receitas interessante, porque nós estamos a falar de cerca de 77 milhões de contos, para não ajustarmos para 78, é um valor bastante satisfatório e nós gostaríamos que este valor tivesse uma repartição equitativa para que todos os cabo-verdianos, aqueles que ganham mais até aqueles que ganham quase nada, pudessem sentir no bolso o efeito deste aumento da cobrança de receitas”, considera.
Do lado do MpD, João Gomes fala de um orçamento ambicioso, com rosto humano e forte aposta na área social.
“É um orçamento ambicioso que visa obter resultados. É a consequência da governação do país que, do nosso ponto de vista, permite que haja um aumento considerável em relação ao orçamento anterior. Neste orçamento temos um aumento do número de beneficiários da pensão social que sobe de 25.400 beneficiários para 26.000. Nós temos um aumento do salário mínimo. Portanto, na área social, este é um governo de rosto humano e o orçamento reflete isso. Repare que nós sofremos a inflação importada. O orçamento tem verbas previstas em valores avultados para mitigar esse aumento, diz.
O Orçamento do Estado para 2024 prevê que a economia do país cresça 4,7%, um abrandamento face aos 5,7% previstos para este ano.