Naquele que foi uma antevisão do debate sobre o estado da Nação, agendado para o final deste mês, na Assembleia Nacional, o deputado do partido no poder, Damião Medina, fala de um compromisso forte do executivo em ligar as ilhas e Cabo Verde com a diáspora.
“Nós temos um sector de transporte em Campo Verde com uma certa estabilidade, com desafios ainda a vencer, mas as ilhas estão ligadas entre si. O que não aceitamos é que haja sempre esta postura de criar este clima negro ao nível dos transportes. E a oposição tem um problema grave de não reconhecer os dados. É preciso mais e melhor? Sim. Mas isto aqui está a dar os seus frutos e a satisfazer as necessidades dos operadores económicos e dos cidadãos. Há mais previsibilidade, há mais programação”, aponta.
Leitura diferente tem o PAICV. O deputado do maior partido da oposição, João do Carmo, dá nota negativa ao Governo no sector dos transportes. Para o parlamentar, quando não há previsibilidade nas ligações aéreas e marítimas quem sofre são os empresários, a economia e o desenvolvimento do país fica condicionado.
“O MpD já ultrapassou oito anos de governação deste país, está se aproximando do final de dois mandatos, errou completamente na política de transportes aéreos e marítimos. O sistema de transporte marítimo está a funcionar quase na totalidade com os mesmos barcos encontrados em 2016. No sector dos transportes aéreos, três empresas, nos oito anos e tal de governação do MPD, já abandonaram o país, a Binter, a Icelandair e a Bestfly. O governo do MpD merece nota negativa a nível da política de transportes marítimos e aéreos. É um calvário viajar em Cabo Verde. O cabo-verdiano sente-se sitiado no seu próprio país”, entende.
Do lado da UCID, a deputada Dora Pires entende que ao nível dos transportes marítimos a situação já esteve pior, mas pede mais ligações para algumas ilhas que têm enfrentado problemas no escoamento dos produtos. Nos transportes aéreos interilhas, a terceira força política no parlamento diz que o cenário é de caos.
“Em relação ao transporte aéreo, é um caos. Nós temos dificuldades em viajar entre ilhas. Às vezes tudo está a correr bem, mas de repente há uma paragem e ficamos suspensos. Nós somos ilhas, não é admissível estarmos nesta situação. Poderíamos estar melhor. O que é que custa ter dois ou três ATR e ter aviões mais pequenos? As ilhas não estão a ter as ligações que deveriam ter”, afirma.
A TACV voltou aos voos domésticos em Fevereiro, com dois ATR alugados, depois da saída da Bestfly do mercado. O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, já disse que até final do ano será criada uma companhia 100% estatal dedicada exclusivamente às ligações interilhas.