Violência no namoro. Estudo entre universitários revela que mais de metade já usou da violência psicológica

PorChissana Magalhães,14 fev 2019 6:55

Dados provisórios de um estudo em curso sobre violência no namoro no meio académico cabo-verdiano mostram que um em cada quatro estudantes universitários já usou da força física e mais de metade recorreu à violência psicológica sobre o(a) companheiro (a).

Os dados preliminares do estudo que está a ser desenvolvido em Cabo Verde, com estudantes do ensino superior, público e privado, deixam saber que um em cada quatro estudantes admite que já empurrou ou apertou o/a companheiro/a ( 27.6% agressores e vítimas), ou seja usou da força física. Mais de metade dos estudantes afirmaram que já gritaram ou berraram com o seu/sua companheiro (59.9% agressores/as e 56.1% vitimas) o que configura violência psicológica.

Há ainda 28.8% dos/das jovens que assumem que insultaram ou rogaram pragas ao/a seu/sua companheiro/a e 26.9% que diz já ter sido vítima desses comportamentos, enquanto que 31.9 % assume que já chamou feio/a e/ou gordo/a ao seu/sua companheiro/a e 24.5% admite já ter sido vítima desse comportamento.

Vítima e ofensores reportaram ainda outros comportamentos e atitudes violentas como atirar com objectos, acusar o(a) namorado(a) de ser mau/má amante, forçar a ter relações sexuais, “entre muitos outros”.

Estudo revela falta de percepção sobre o que é violência escolar

Dezoito das 53 escolas públicas e semi-públicas do país inspiram especiais cuidados no que diz respeito à violência. Dados que foram avançados pela investigadora e professora da faculdade de Ciências Sociais, Humanas e Artes da Uni-CV, Fernandina Fernandes, durante o atelier de socialização dos resultados do estudo sobre a violência no meio escolar, hoje, na cidade da Praia.

Desenvolvido por uma equipe da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto o estudo, iniciado em 2018 e com previsão de conclusão em 2019, pretende “conhecer as relações de intimidade de jovens a frequentar o ensino superior, por forma a definir posteriormente um plano de acção”, avança ao Expresso das Ilhas a professora doutora Madalena Oliveira, a responsável pelo estudo.

Por agora a pesquisa esteve restrita a três instituições na ilha de Santiago, onde foram entrevistados 257 jovens com uma média de idade situada nos 23 anos. As respostas obtidas “alertam para a existência de comportamentos abusivos nas relações de intimidade”.

“Estes dados devem preocupar as entidades, nomeadamente na procura de estratégias preventivas e interventivas eficazes de combate a este fenómeno. Pois, conforme refere a literatura, há uma tendência para a escalada deste tipo de comportamentos e comprovam que a maioria destes relacionamentos violentos perdura para além dos primeiros episódios abusivos”, refere a nota enviada pelos responsáveis da pesquisa que lembram as 7 mulheres mortas em 2018 em Cabo Verde, vítimas de femícidio.

Palmatórias, réguas, palmadas... Crianças continuam a apanhar nas escolas

Os castigos físicos estão banidos do sistema educativo, há já vários anos, por não se reconhecer nessa prática quaisquer efeitos benéficos. Oficialmente é assim. Na prática, e na contramão das recomendações emanadas pelo Ministério da Educação (ME), o costume ainda mantem-se bem vivo nas escolas públicas do país.

Reconhecendo o trabalho feito até aqui pelas entidades competentes, Madalena Oliveira exorta a sociedade civil cabo-verdiana a unir-se.

“Não esquecendo que a prevenção e a educação para a igualdade são os motores de desenvolvimento, urge que se trabalhe de forma concertada e articulada com todos/as aqueles/as que têm competências nestas matérias. Neste sentido, já foi feito um contacto com o ICIEG, a fim de aferir da possibilidade de se estabelecer um plano de acção e dar seguimento a este fenómeno”, informa.

A expectativa dos promotores deste estudo é de que o mesmo seja concluído ainda este ano e apresentado publicamente em Cabo Verde. 

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Autoria:Chissana Magalhães,14 fev 2019 6:55

Editado porChissana Magalhães  em  5 nov 2019 23:21

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