Segundo a UCID, da proposta consta a aquisição de mais uma embarcação e a disponibilização de uma linha de crédito e um fundo de capital de risco. Através de João Santos Luís, o partido considera que a proposta dos armadores dá resposta às necessidades do sector.
“Da análise da proposta a que nós tivemos acesso é nosso entendimento, enquanto pessoas conhecedoras do meio, que a mesma dá resposta às necessidades actuais e futuras do sector, tão importante para o desenvolvimento de Cabo Verde”, considera.
A UCID entende que o concurso público internacional vai trazer custos financeiros e sociais ao país.
“Assim, a UCID pede ao Governo para repensar esta posição, reavaliando a situação e dando aos 13 armadores, com os respectivos 15 navios, a possibilidade de desenvolverem de forma profissional e muito eficiente os seus negócios, podendo ligar as ilhas com as frequências e pontualidades necessárias a um custo compatível para a nossa sociedade”, pede João Luís.
O PAICV junta a sua voz à UCID. João do Carmo, considera um erro qualquer tentativa de solucionar o problema dos transportes marítimos sem o envolvimento dos armadores nacionais.
“A solução dos transportes marítimos em Cabo Verde terá necessariamente de passar pelos armadores cabo-verdianos. Será um erro crasso qualquer tentativa de solucionar o problema sem o envolvimento dos armadores cabo-verdianos”, posiciona-se.
O partido no poder diz que o Governo não está a pôr de lado os operadores nacionais. A deputada Joana Rosa fala de coligação negativa.
“Não se está aqui a pôr de lado os operadores nacionais, pelo contrário, nós queremos que os armadores nacionais tenham condições de operar, de competir em pé de igualdade com os estrangeiros. Agora, teremos é que ver se há ou não condições. Lança-se o concurso para os melhores. Mas não me venham convencer que o lançamento do concurso é para o Governo tirar mais dinheiro dos cofres do Estado para subsidiar essas empresas. Isso são deduções que fazem. Mas isso também reflecte aquilo que é quase uma coligação negativa em relação à implementação de programas e políticas deste Governo", entende.
Governo garante envolvimento de nacionais no processo
Em resposta, o Governo, através do vice-primeiro-ministro, garante que 25% do capital da empresa que vai gerir os transportes marítimos inter-ilhas será detido por operadores nacionais. Olavo Correia assegura que o executivo está a trabalhar com os armadores que, segundo diz, podem concorrer em parceria com armadores internacionais.
“E muitos estão interessados em fazê-lo, porque para garantirmos uma ligação marítima inter-ilhas, cobrindo todas as ilhas e com a frequência que estamos a querer, vamos ter que fazer um investimento acima de 30 milhões de euros. Este montante, como é óbvio, não é bancável no mercado nacional e nós temos que olhar para o mercado internacional”, explica.
Olavo Correia explica que o objectivo é encontrar uma solução eficiente para o mercado nacional, garantindo ligações inter-ilhas com barcos rápidos e modernos, envolvendo os nacionais no processo.
O Governo lançou, em finais de Janeiro deste ano, um concurso público internacional para a concessão do transporte marítimo de passageiros e carga entre as ilhas do arquipélago. Na primeira fase do concurso, as candidaturas serão avaliadas com base na capacidade técnica e financeira das proponentes. As empresas seleccionadas serão convidadas a apresentar uma proposta técnico-financeira até 18 de Maio. O vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças afirma que o objectivo é, ainda neste semestre, encontrar o operador vencedor do concurso.