O líder do partido, António Monteiro, alerta para as consequências na saúde dos trabalhadores da empresa.
“A Cabnave encontra-se numa situação técnica gritante. As infra-estruturas estão a cair aos pedaços, as ferramentas e os equipamentos estão obsoletos, o que dificulta a produtividade e uma boa prestação de serviço aos navios nacionais e internacionais e, consequentemente, pouca contribuição para o PIB nacional. Ano após ano, a infra-estrutura está a degradar-se, quer a nível dos trabalhadores que estão com problemas de saúde profissional, quer a nível da infra-estrutura física”, alerta.
Os democratas cristãos pedem uma explicação clara do Governo sobre o que pretende fazer com a Cabnave, nomeadamente sobre a sua possível deslocalização.
O PAICV junta a sua voz à UCID. João do Carmo entende que a capacidade técnica actual da infra-estrutura marítima põe os armadores em risco.
“Colocamos aqui uma preocupação séria, já que a capacidade técnica, neste momento, da Cabnave é muito limitada e isso põe em risco os armadores nacionais caso não haja investimentos técnicos".
Do lado da maioria, João Gomes lembra que a Cabnave está na situação actual porque, no passado, não se fez qualquer investimento na empresa. O deputado do MpD explica que a reparação naval faz parte do programa do Governo para a criação da Zona Económica Especial na ilha do Monte Cara, confirmando a deslocalização para outro espaço dentro de São Vicente.
“Deixemos o Governo trabalhar. Há um importante programa para São Vicente que é a Zona Económica Especial e a reparação naval é um elemento importante desse sistema. Eu tenho conhecimento daquilo que se está a passar e posso esclarecer os sanvicentinos que está em pauta, sim, a deslocalização da Cabnave do sítio onde está para outra localidade, dentro de São Vicente", esclarece.
O Governo, através do ministro Fernando Elísio Freire, reconhece que os Estaleiros Navais de Cabo Verde exigem um tratamento adequado, garantido que se está a trabalhar numa solução para a empresa.
“É preciso vermos o que é que queremos da baía, do porto de cruzeiros, o que é que queremos da cidade do Mindelo e para a região norte de Cabo Verde. Neste quadro, o Governo está a trabalhar uma solução para a Cabnave. O Governo tudo fará para que Cabo Verde continue a ter no sector da reparação naval, capacidade, know-how e, acima de tudo, capacidade de prestação de serviço”, promete.
O futuro dos estaleiros navais de Cabo Verde continua por definir. Em Janeiro de 2015 foi lançado um concurso internacional para a subconcessão da empresa, entretanto suspenso pelo actual Governo.